E se os jardins das nossas casas recebessem refugiados?

Um arquitecto francês idealizou um projecto para fasear a inclusão de refugiados na sociedade. A primeira fase passa por viver pelo menos seis meses numa pequena casa junto de famílias que querem ajudar

Nos arredores de Paris, um jardim de uma casa pode ser o sítio ideal para integrar refugiados na sociedade. Idealizado pelo arquitecto Romain Minod, o projecto In My Backyard quer fazer dos quintais franceses uma espécie de centro de treinos onde se prepara a derradeira partida: estando em contacto permanente com uma família francesa, alargando a rede de contactos e vivências, a transição para uma plena integração no mundo “além-jardim” torna-se mais fácil.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Nos arredores de Paris, um jardim de uma casa pode ser o sítio ideal para integrar refugiados na sociedade. Idealizado pelo arquitecto Romain Minod, o projecto In My Backyard quer fazer dos quintais franceses uma espécie de centro de treinos onde se prepara a derradeira partida: estando em contacto permanente com uma família francesa, alargando a rede de contactos e vivências, a transição para uma plena integração no mundo “além-jardim” torna-se mais fácil.

Por hábito, as construções de abrigos para refugiados ficam-se pela periferia, algo que dificulta a integração na sociedade francesa. Romain Minod apercebeu-se disso e, para o combater, desenhou uma casa com pouco mais de 200 metros quadrados com cozinha, quarto e uma sala de estar, optimizada para alojar duas pessoas, que pode ficar "estacionada" em qualquer quintal de uma casa.

Ao pressupor o contacto entre migrantes e a família de acolhimento, o projecto acaba por promover uma integração que raramente é fácil. “Quando moras num prédio com outras pessoas, és tratado como um número, mas quando moras com outra pessoa, tentando ajudá-la a encontrar emprego... Tenho a certeza de que é melhor para as pessoas”, explicou Minod à FastCompany. "Não é uma mera casa", diz o arquitecto. "Trata-se de viver em comunidade" 

Foto
Não é uma mera casa, diz o arquitecto. Trata-se de viver em comunidade (DR)

Quem decidir aderir ao projecto idealizado por Romain Minod — que integra a equipa da Quatorze, uma organização sem fins lucrativos — tem a missão de ficar com a casa durante dois anos. No final desse período, a família de acolhimento tem três opções: renovar o contrato com a organização e manter a casa por mais dois anos, comprar a casa à organização sem fins lucrativos, ajudando a financiar o projecto, ou desmantelá-la, enviando-a para uma nova morada, um novo jardim.

Foto
O protótipo das tiny-houses que a Quatorze quer construir (DR)

Segundo a publicação, os refugiados podem permanecer nestas pequenas casas durante seis meses, existindo a possibilidade de prolongarem a estadia caso ainda não se sintam plenamente integrados na sociedade francesa. Enquanto lá vivem, para além do contacto com os vizinhos, contam com o apoio de assistentes sociais.

Há projectos semelhantes a este a surgirem nos Estados Unidos da América. Neste caso, o alvo é diferente. Em Chicago, por exemplo, a ideia está a ser aplicada a sem-abrigo.