Resposta da economia aos desafios futuros será “pior” se não integrar idosos
O emagrecimento das empresas à custa dos trabalhadores mais velhos é “uma lógica perdedora”, defende o ministro do Trabalho. Conferência das Nações Unidas reconhece necessidade de integrar os idosos na economia e na sociedade.
O ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, defende que a integração das pessoas mais velhas no mercado de trabalho e na sociedade já não é só um direito, mas também uma necessidade que irá determinar o futuro da economia. Este é um dos pontos fundamentais da Estratégia de Lisboa que será aprovada nesta sexta-feira à tarde, durante a conferência das Nações Unidas sobre o envelhecimento activo que está a decorrer na capital portuguesa.
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O ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, defende que a integração das pessoas mais velhas no mercado de trabalho e na sociedade já não é só um direito, mas também uma necessidade que irá determinar o futuro da economia. Este é um dos pontos fundamentais da Estratégia de Lisboa que será aprovada nesta sexta-feira à tarde, durante a conferência das Nações Unidas sobre o envelhecimento activo que está a decorrer na capital portuguesa.
“A integração das pessoas menos jovens deixou de ser apenas um objectivo político ou um imperativo de realização dos direitos humanos, passou a ser uma necessidade da nossa economia", destacou o ministro durante uma conferência de imprensa, onde também participaram a comissária europeia para o Emprego, Marianne Thyssen, e a secretária executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (UNECE), Olga Algayerova.
Os cerca de 50 países da UNECE, adiantou Vieira da Silva, “reconhecem que a participação das pessoas mais velhas em todas as dimensões da vida cívica, económica e social não é apenas um direito, é mais do que isso, é o reconhecimento de uma necessidade”. Esta é, segundo o ministro, “a ideia mais forte” que sairá da conferência que juntou em Lisboa responsáveis governamentais, especialistas e organizações não-governamentais para discutir o envelhecimento e o potencial das pessoas mais velhas.
“A economia responderá pior aos desafios do futuro se não conseguir integrar as pessoas menos jovens nas suas estratégias”, disse Vieira da Silva, lembrando que o emagrecimento das empresas à custa dos trabalhadores mais velhos “é uma lógica perdedora”.
“A lógica de emagrecimento [das empresas] pondo fora do mercado de trabalho aqueles que já têm uma certa idade, e que foi durante muito tempo considerada uma lógica de sucesso, tende a ser hoje uma lógica perdedora”, afirmou Vieira da Silva, alertando que isso “desvaloriza” o contributo “essencial” que os mais velhos podem dar à economia e à sociedade.
Questionado sobre a forma como as empresas portuguesas se estão a adaptar ao envelhecimento da população, o ministro afirmou que existem "sinais contraditórios". Por um lado, referiu, não está adquirido por todas as empresas que não pode haver discriminação em função da idade no recrutamento de trabalhadores. Mas, por outro, há sinais de que continua a haver lugar para os trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho.
"Se olharmos para os últimos dados disponíveis verificamos que o crescimento global do emprego foi de 3,4% no último ano e o crescimento do emprego de pessoas com mais de 45 anos foi de 5,8%", exemplificou Vieira da Silva. A realidade “está a demonstrar que é possível integrar ou reintegrar no mercado de trabalho gerações menos novas", sublinhou.
Quanto ao papel das políticas públicas, o ministro defende que devem dar prioridade aos apoios à integração dos desempregados de longa duração e dos inactivos menos jovens nas empresas. Na dimensão social, e para responder a desafio do envelhecimento com dignidade, o Estado deve reforçar o apoio às famílias e reforçar os equipamentos sociais.
A comissária Europeia do Emprego, Marianne Thyssen, lembrou que o envelhecimento é um dado adquirido, em particular na Europa, e garantiu há um conjunto de estratégias em curso para promover a integração dos mais velhos, lembrando que tem de haver uma adaptação dos locais de trabalho e das instituições ao envelhecimento da população. Destacou também a aprendizagem ao longo da vida, mas ela tem de começar muito cedo e não já perto da idade da reforma quando se torna mais difícil reconverter os trabalhadores.
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Já Olga Algayerova, da UNECE, defendeu que a “economia grisalha” deve ser encarada pelas empresas como “uma oportunidade”, uma vez que a população mais velha precisa de outros produtos e serviços que podem ser desenvolvidos e que podem, eles próprios, gerar novas dinâmicas e novos empregos.