Três demissões de empresários conselheiros de Trump
Executivos da Intel e Under Armour juntam-se ao da Merck.
Os presidentes executivos do gigante de tecnologia Intel e da empresa de vestuário desportivo Under Armour anunciaram a sua saída do conselho de consultivo de empresários na sequência da demorada reacção do Presidente, Donald Trump, em criticar directamente os racistas e neonazis que se manifestaram em Charlottesville, no estado da Virgínia.
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Os presidentes executivos do gigante de tecnologia Intel e da empresa de vestuário desportivo Under Armour anunciaram a sua saída do conselho de consultivo de empresários na sequência da demorada reacção do Presidente, Donald Trump, em criticar directamente os racistas e neonazis que se manifestaram em Charlottesville, no estado da Virgínia.
Estas saídas seguiram-se à de Kenneth Frazier, da farmacêutica Merck, que é ainda um dos mais importantes CEO dos Estados Unidos. A saída de Frazier foi anunciada numa declaração no Twitter em que a empresa destacava a importância dos valores fundamentais americanos, sem se referir directamente ao que aconteceu no fim-de-semana: "Os líderes da América devem honrar os nossos valores fundamentais, rejeitando claramente expressões de ódio, intolerância e supremacia de um grupo, que vai contra o ideal americano de que todas as pessoas nascem iguais", dizia a declaração de Frazier, assumindo a "responsabilidade de tomar uma posição contra a intolerância e o extremismo".
Trump não demorou a responder directamente a Frazier (vários jornais notavam a ironia de não ter condenado directamente os membros da extrema-direita e os neo-nazis durante 48 horas mas não ter demorado a responder ao CEO da Merck). No Twitter, declarou que assim a empresa “terá mais tempo para baixar os preços exploradores dos medicamentos”.
Mas apesar da ameaça de represálias, sublinha o New York Times, dois outros responsáveis do conselho de 17 anunciaram também a saída.
“A Under Armour está na área do desporto, não da política”, declarou o seu CEO, Kevin Plank, na conta de Twitter oficial da marca. “Estou agradecido pela oportunidade de ter servido como conselheiro, mas decidi retirar-me”. “Irei continuar a focar os meus esforços em inspirar qualquer pessoa que possa ser capaz de fazer algo através do poder do desporto que promove unidade, diversidade e inclusão”.
Pouco depois, Brian Krzanich, da Intel, anunciou que também se retirava: “Saí para chamar a atenção para o dano grave que o nosso clima político que promove a divisão está a provocar em questões essenciais, como a necessidade de lidar com a questão do declínio da manufactura americana”.
A Virgínia declarou estado de emergência para lidar com uma manifestação de extremistas. Um admirador de Hitler lançou o seu carro contra pessoas que participavam numa contra-manifestação, matando uma mulher de 32 anos. Trump declarou a violência inaceitável “de qualquer lado que venha”, demorando 48 horas a condenar inequivocamente a extrema-direita – que foi uma das suas bases de apoio enquanto candidato republicado à Casa Branca.
O conselho de empresários é um de vários organismos consultivos criados por Trump. Estas não são as primeiras demissões de responsáveis por discordarem de políticas do Presidente.
Em Fevereiro, tinha sido o então CEO da Uber, Travis Kalanick, a abandonar o mesmo conselho empresarial, sob pressão dos empregados e activistas opositores à política de imigração da Presidência de Donald Trump.
Elon Musk, líder da Tesla, e Robert Iger, CEO da Walt Disney, saíram em Junho, na sequência do anúncio da retirada dos EUA do Acordo de Paris sobre alterações climáticas.