Presidente da Merck sai do conselho industrial de Trump após Charlottesville
O “conselho de administração” que aconselha o presidente dos EUA acabou de ter mais uma baixa, após a Tesla, a Disney e a Uber. O CEO da farmacêutica Merck, Kenneth Frazier, vai deixar mais um lugar vazio.
Kenneth Frazier, presidente do conselho executivo (CEO, na sigla inglesa) da farmacêutica norte-americana Merck & Co (MSD), demitiu-se esta segunda-feira do Conselho Industrial Americano de Donald Trump, noticiou a agência Reuters, citando a comunicação, via conta oficial da companhia (que é distinta da alemã Merck KGaA), na rede social Twitter.
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Kenneth Frazier, presidente do conselho executivo (CEO, na sigla inglesa) da farmacêutica norte-americana Merck & Co (MSD), demitiu-se esta segunda-feira do Conselho Industrial Americano de Donald Trump, noticiou a agência Reuters, citando a comunicação, via conta oficial da companhia (que é distinta da alemã Merck KGaA), na rede social Twitter.
“Estou a demitir-me do Conselho Industrial Americano do Presidente” [dos EUA], começa a mensagem de Frazier. Que termina a afirmar: “Como CEO da Merck e por uma questão de consciência pessoal, sinto a responsabilidade de tomar uma posição contra a intolerância e o racismo”.
Pelo meio, não há nem uma menção directa à manifestação de extremistas, de propaganda racista, que na passada sexta-feira provocou a morte de uma pessoa e ferimentos em outras 15, na cidade de Charlottesville, no Estado de Virgínia, e que está desde este fim-de-semana em estado de emergência.
Mas o recado não deixa muitas dúvidas pela coincidência temporal do CEO da Merck: “Os líderes da América devem honrar os nossos valores fundamentais, rejeitando claramente expressões de ódio, intolerância e supremacia de um grupo, que vai contra o ideal americano de que todas as pessoas nascem iguais”, escreve Kenneth Frazier, na mensagem.
Como habitual, Donald Trump não demorou a responder, na mesma rede social. Agora que “Ken Frazier da farmacêutica Merck se demitiu do Conselho Industrial do Presidente, terá mais tempo para baixar os preços exploradores dos medicamentos”.
Donald Trump está a ser criticado sobretudo por duas razões na reacção às consequências da manifestação de extrema-direita na sexta-feira: o tempo que demorou, enquanto Presidente do país em reagir, e pelo facto de, pessoalmente, ter defendido que “muitas partes” estão envolvidas nos acontecimentos deste fim-de-semana.
Só uma posterior “interpretação”, emitida um dia depois, através de comunicado oficial da Casa Branca – e não pessoal de Donald Trump – veio enumerar “as partes” a que o Presidente se queria, aparentemente, referir. A saber: o “Presidente condena todas as formas de violência, intolerância e ódio, e, claro que isso inclui os supremacistas brancos, o KKK [de Ku Klux Klan], neonazi e todos os grupos extremistas”.
Um conselho de administração a mirrar
Trump criou vários comités de conselheiros em aéreas específicas, com alguns nomes sonantes da área empresarial norte-americana, mas desde Novembro (quando foi eleito) têm aumentado os lugares vagos nestas espécies de conselhos de administração sectoriais.
Elon Musk, líder da Tesla, e Robert Iger, CEO da Walt Disney, já deixaram Donald Trump a falar sozinho no Fórum Estratégico do Presidente, em Junho, após o anúncio presidencial da saída dos EUA do Acordo de Paris sobre alterações climáticas. A saída de Tusk, aliás, foi dupla: do Fórum Estratégico e do Conselho Industrial Americano.
Em Fevereiro, tinha sido o então CEO da Uber, Travis Kalanick, a abandonar o mesmo conselho empresarial, sob pressão dos empregados e activistas opositores à política de imigração da Presidência de Donald Trump.