Amazon e Netflix "roubaram" dois dos autores de TV mais valiosos aos canais convencionais
Shonda Rhimes e Robert Kirkman, respectivamente a senhora Anatomia de Grey e o senhor The Walking Dead, mudam-se para os serviços de streaming e deixam a ABC e o AMC.
Shonda Rhimes é responsável por séries de enorme audiência como Anatomia de Grey ou Scandal. Robert Kirkman escreveu os comics The Walking Dead e assina a série milionária deles derivada, bem como o spin-off Fear The Walking Dead e Outcast. Nos últimos dias, os dois autores, unidos por contrato aos canais norte-americanos ABC e AMC, respectivamente, trocaram a televisão convencional pelos serviços de TV por streaming Netflix e Amazon. As novas séries do reino de produção chamado Shondaland e do Midas do género do horror na TV aparecerão já nestas plataformas.
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Shonda Rhimes é responsável por séries de enorme audiência como Anatomia de Grey ou Scandal. Robert Kirkman escreveu os comics The Walking Dead e assina a série milionária deles derivada, bem como o spin-off Fear The Walking Dead e Outcast. Nos últimos dias, os dois autores, unidos por contrato aos canais norte-americanos ABC e AMC, respectivamente, trocaram a televisão convencional pelos serviços de TV por streaming Netflix e Amazon. As novas séries do reino de produção chamado Shondaland e do Midas do género do horror na TV aparecerão já nestas plataformas.
A notícia sobre a ida de Shonda Rhimes, também na origem de séries como Clínica Privada (spin-off de curta duração de Anatomia de Grey) ou Como Defender um Assassino, foi divulgada na manhã desta segunda-feira pelo Netflix, criando uma espécie de efeito tectónico no mercado. No meio, não escapa a ninguém o simbolismo desta mudança, um agitar das muito competitivas águas do mercado televisivo actual. A contratação, cujos valores, como de costume, não foram revelados, transporta para o Netflix as novas séries da sua produtora e “outros projectos”, como se lê no comunicado enviado pelo serviço de streaming – Academia de Grey, Scandal e Como Defender um Assassino, ressalva o mesmo comunicado, continuarão a passar na ABC (em Portugal as duas primeiras pertencem, respectivamente, às grelhas da FoxLife e da Fox e a última é do AXN).
“Shonda Rhimes é uma das maiores contadoras de histórias na história da televisão”, elogia o presidente da Netflix para os conteúdos, Ted Sarandos. “O trabalho dela é televisão arrebatadora, inventiva, pulsante, que quebra tabus e pára o coração no seu melhor”, continua. “A mudança da Shondaland para o Netflix é o resultado de um plano partilhado que eu e Ted Sarandos construímos, baseado na minha visão para mim própria enquanto contadora de histórias e para a evolução da minha empresa”, afirma por seu turno Rhimes, no mesmo comunicado. Quer, acrescenta, beneficiar do “espaço claro e sem medos” de que os criadores usufruem no Netflix e “construir uma nova e vibrante casa de histórias para os autores”, onde vê “possibilidades ilimitadas” para o futuro da Shondaland.
Autora e produtora, Shonda Rhimes é um dos nomes mais relevantes da indústria a ter emergido nas últimas duas décadas, não só pela identificação de filões dentro dos géneros já conhecidos – o procedural médico, o thriller político, a série de advogados – mas também pela voz que deu a protagonistas negras e pelo ritmo narrativo que aliou à capacidade de chegar a grandes públicos. O seu percurso fez-se até agora na televisão em sinal aberto – chegando a países como Portugal tanto através dos generalistas locais quanto dos canais por subscrição.
Num outro plano, mas no mesmo campeonato, Robert Kirkman é o autor de comics sobre a experiência humana depois do apocalipse zombie que se tornou num inesperado êxito mainstream na televisão – The Walking Dead acumula vários recordes, como o de melhor estreia de sempre de um episódio na televisão por subscrição (tal como em Portugal, nos EUA o AMC faz parte dos pacotes de televisão por subscrição mas não é um canal premium, pago à parte, como o é por exemplo a HBO) e o de série de TV por subscrição mais vista na história. Na faixa etária que os anunciantes mais cobiçam, a dos 15 aos 49 anos, é a série líder.
Agora, também ele passa da televisão convencional para um novo operador, a Amazon Studios, onde tem um novo contrato – de dois anos, segundo a Hollywood Reporter – para criar projectos exclusivos para aquela plataforma de streaming. Com The Walking Dead, Kirman simbolizara não só a aposta forte em televisão de género, em nichos como o do terror, e do próprio canal, inicialmente focado no cinema, na produção da grande tendência mundial que são as séries. Com ele vai também a sua produtora, a Skybound, como foi noticiado na sexta-feira.
O habitual comunicado do serviço elogia, na voz de Sharon Tal Yguado – responsável pela distribuição internacional de The Walking Dead através dos canais Fox, e que agora está na Amazon –, “Robert e a equipa da Skybound como alguns dos criativos mais inovadores e destemidos da indústria”. E aponta a especialidade de Kirkman, assinalando a paixão comum “por contar histórias de género com elevação”. A aposta na fantasia, no horror e na ficção científica parece ser uma das grandes estratégias da Amazon e Kirkman descreve-se “no pico do optimismo” perante as séries que a sua nova casa tem produzido nesses territórios.