Dezenas de feridos em tumulto na Mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém

Caos começou quando foi aberto o portão de acesso ao Pátio das Mesquitas, onde milhares de muçulmanos esperavam para entrar pela primeira vez após dez dias.

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Palestinianos celebram retirada de detectores de metal, as câmaras de vigilância e barreiras de aço do Pátio das Mesquitas AMIR COHEN/Reuters

Novas cenas de violência às portas do Pátio das Mesquitas, em Jerusalém, desta vez depois de milhares de pessoas esperarem horas para entrar e se terem atropleado quando o último portão foi aberto, levando a medidas da polícia israelita. Pelo menos 37 pessoas ficaram feridas.

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Novas cenas de violência às portas do Pátio das Mesquitas, em Jerusalém, desta vez depois de milhares de pessoas esperarem horas para entrar e se terem atropleado quando o último portão foi aberto, levando a medidas da polícia israelita. Pelo menos 37 pessoas ficaram feridas.

Tudo aconteceu depois do anúncio, por Israel, da retirada de todas as medidas de segurança à entrada do Pátio das Mesquitas – além dos detectores de metal, as câmaras de vigilância e barreiras de aço foram retiradas. Esta acção vinha a ser exigida por palestinianos e outros muçulmanos que durante esse período se recusaram a entrar na mesquita, rezando nas ruas da Cidade Velha em protesto.

Na sequência do anúncio de Israel, o mufti de Jerusalém, Mohammed Hussein, pediu aos fiéis, que vinham a rezar fora do complexo, que voltassem a entrar, garantindo que a situação anterior fora reposta. Foi ao entrar finalmente no local que se deram os mais recentes tumultos.

O problema actual começou depois da morte de dois polícias israelitas na Cidade Velha, assassinados com recurso a armas que tinham sido escondidas no local por três palestinianos. Israel anunciou as medidas de segurança e logo começaram os protestos. Na sexta-feira, o primeiro dia do fim-de-semana na região e o dia santo do islão, uma manifestação transformou-se em motim e sob gás lacrimogéneo e balas de borracha  morreram quatro palestinianos. Pouco depois, um palestiniano entrou numa casa num colonato e matou três israelitas. 

As autoridades israelitas mantêm o estado de alerta temendo mais ataques deste género. 

As medidas tomadas por Israel no Pátio das Mesquitas tocaram num ponto sensível de muitos muçulmanos que temem qualquer sinalização de soberania sobre o local. Quando capturou Jerusalém, Israel deixou o Nobre Santuário (para os muçulmanos) ou Monte do Tempo (para os judeus) sob alçada da comissão islâmica de Jerusalém Waqf cujo funcionamento é assegurado com verbas da Jordânia.

Mas Israel controla o acesso, impondo por vezes restrições à entrada de homens com menos de 50 anos por razões de segurança, quando se teme episódios de violência. E há um movimento de activistas judeus que querem o direito a rezar no local (os judeus têm acesso ao local, mas não podem rezar, assim como os cristãos).

O Nobre Santuário/Monte do Templo é um dos locais mais disputados por israelitas e palestinianos: é o lugar mais santo do judaísmo por ter o muro exterior do segundo templo (o muro ocidental, onde rezam os judeus), e é o terceiro local sagrado do islão, a seguir a Meca e Medina (na Arábia Saudita).

A sua importância é enorme, desde antes da criação do Estado de Israel até à era moderna. Em 1929, na Palestina do mandato britânico, uma disputa levou a motins que provocaram vários mortos. E em 2000, uma visita do então líder da oposição Ariel Sharon ao Pátio das Mesquitas causou confrontos violentos que cresceram para uma revolta, a segunda Intifada, que durou quatro anos e deixou cerca de mil israelitas e 3 mil palestinianos mortos.

“O relatório técnico mostrou que todos os obstáculos que a ocupação [Israel] pôs fora da Mesquita de Al-Aqsa foram retirados”, disse Abdel-Azeem Salhab, responsável do Waqf. Várias facções palestinianas apoiaram o comunicado e desmarcaram o “dia de raiva” que estava agendado para esta sexta-feira.

A decisão marca um recuo significativo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, depois de uma mobilização que incluiu os Estados Unidos, ONU, Turquia, Arábia Saudita e Jordânia.

Os palestinianos e a direita religiosa israelita leram assim o desfecho: os palestinianos clamam vitória e o ministro da Educação, Naftali Bennett, lamenta a decisão que “enfraquece” Israel.