Almaraz à porta fechada: os dados confidenciais a que deputados tiveram acesso
Algumas conclusões do relatório confidencial, às quais o PÚBLICO teve acesso, não sossegam os deputados.
A meio da manhã de terça-feira, os deputados da comissão que analisa a questão de Almaraz receberam o relatório com 255 páginas do grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar a polémica construção de um armazém de resíduos na central nuclear. Receberam o relatório confidencial, mas antes da audição houve um pedido: não usarem aquela informação na audição dos ministros do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros nessa tarde.
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A meio da manhã de terça-feira, os deputados da comissão que analisa a questão de Almaraz receberam o relatório com 255 páginas do grupo de trabalho criado pelo Governo para analisar a polémica construção de um armazém de resíduos na central nuclear. Receberam o relatório confidencial, mas antes da audição houve um pedido: não usarem aquela informação na audição dos ministros do Ambiente e dos Negócios Estrangeiros nessa tarde.
O relatório seguiu por email e na íntegra, embora noutras ocasiões que envolvam matéria confidencial, as informações possam ser disponibilizadas em papel no Parlamento para consulta dos deputados. Desta vez, seguiu por email, pouco tempo antes de a audição começar, o que significa que os deputados também não tiveram tempo de ler o relatório em detalhe.
O relatório, que se mantém confidencial, só tinha sido divulgado em parte. Alguns pormenores mais sensíveis, e que insistem na falta de estudos sobre eventuais acidentes, não foram tornados públicos. Na terça-feira, na audição, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente afirmou que alguma da matéria analisada disponibilizada por Espanha é confidencial e disponibilizou-se para a discutir com os deputados, desde que fosse à porta fechada.
Nas conclusões do relatório, às quais o PÚBLICO acesso, pode ler-se que a construção do armazém para resíduos “viabiliza o prolongamento do funcionamento da Central Nuclear de Almaraz para além da actual autorização de operação, que termina em 2020” e, em vários pontos, alerta-se para a falta de estudos sobre possíveis acidentes. Um exemplo: “Não há evidência de terem sido analisadas situações de acidente severo devido a causas extremas (…) não está demonstrado que as mesmas não tenham impactes significativos, incluindo em território português.”
As conclusões são do grupo de trabalho que analisou o problema e que reuniu várias entidades, da Agência Portuguesa do Ambiente, da Direcção-Geral de Saúde, académicos, entre outros especialistas. Apesar destes dados, tanto o Governo como a Agência Portuguesa do Ambiente insistem que a construção do armazém é segura. E, apesar de a construção do armazém significar o prolongamento da vida da central, o executivo continua a afirmar que é a favor da transição da energia nuclear para outras energias.