UE pede investigação a referendo na Turquia
Conclusões de observadores internacionais e resultado tão próximo motivam preocupação em Bruxelas.
A União Europeia pediu às autoridades civis na Turquia para fazer uma investigação transparente ao processo eleitoral de domingo, que resultou numa vitória do “sim” às alterações constitucionais que dão mais poder ao Presidente que após a próxima eleição passará a concentrar poder legislativo, executivo e judicial.
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A União Europeia pediu às autoridades civis na Turquia para fazer uma investigação transparente ao processo eleitoral de domingo, que resultou numa vitória do “sim” às alterações constitucionais que dão mais poder ao Presidente que após a próxima eleição passará a concentrar poder legislativo, executivo e judicial.
Um porta-voz do presidente da Comissão Europeia diz que Bruxelas “examinou atentamente” as conclusões de observadores da OSCE – segundo as quais a votação, que terminou com 51,4% para o “sim”, não respeitou os padrões internacionais democráticos.
“Tendo em conta o relatório dos observadores, o resultado próximo, e as implicações das alterações constitucionais, pedimos às autoridades turcas para considerar os próximos passos com muito cuidado e procurar o máximo consenso no seguimento do referendo”, disse um porta-voz de Jean-Claude Juncker.
Alemanha e França pediram também a Erdogan diálogo com a oposição, enquanto os EUA “notaram” o relatório da OSCE – mas horas depois o Presidente, Donald Trump, foi o primeiro líder de um país democrático a telefonar a Erdogan para lhe dar os parabéns pela vitória.
Mas o Presidente turco reagiu à conferência de imprensa da missão de observação da OSCE dizendo que os responsáveis deviam “pôr-se no seu lugar”. Mais tarde repetiu que o referendo foi “a votação mais democrática”.
Erdogan também mencionou a possibilidade de mais dois referendos, um à pena de morte e outro ao processo de adesão à União Europeia, apresentando mais uma vez a Europa como rival.
A oposição queixou-se de irregularidades e não aceitou o resultado. Entre os vários motivos de queixa está a decisão, pouco antes do encerramento das urnas, de considerar válidos boletins sem o carimbo da comissão eleitoral - uma decisão inédita e considerada ilegal pelos observadores. Esta terça-feira, uma fila de pessoas aguardava para submeter queixas ao Tribunal Eleitoral em Ancara.