O ex-Presidente da República Ramalho Eanes, homenageado na última quarta-feira em Tomar pela Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH), considerou fundamental a existência de líderes que saibam sobrepor o interesse da instituição que servem ao seu próprio. O antigo chefe de Estado tem vindo a coleccionar homenagens nos últimos anos.

O ex-Presidente da República Ramalho Eanes, homenageado na última quarta-feira em Tomar pela Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico (APMCH), considerou fundamental a existência de líderes que saibam sobrepor o interesse da instituição que servem ao seu próprio. O antigo chefe de Estado tem vindo a coleccionar homenagens nos últimos anos.

“Em qualquer comunidade é fundamental a existência de líderes e o líder é o que percorreu um caminho difícil de aprendizagem, aquele que se habituou em todos os momentos a sobrepor aos seus interesses o interesse da instituição que serve, neste caso o país”, afirmou, depois de receber o Prémio Nacional Memória e Identidade das mãos do presidente da APMCH, Vítor Mendes.

Ramalho Eanes declarou só ter aceitado a distinção por “não poder dizer não” a um pedido que atribuía à sua presença uma homenagem aos autarcas, com os quais venceu “as primeiras dificuldades da instauração da democracia” em Portugal.

Primeiro Presidente da República democraticamente eleito depois da revolução de 25 de Abril de 1974 (de 1976 a 1986), Ramalho Eanes, atualmente com 82 anos, foi distinguido com um prémio que enaltece a carreira de quem pugnou “pela defesa e pela divulgação dos centros históricos, enquanto conjuntos representativos de valores culturais e artísticos, cuja memória importa preservar e cuja vida se impõe dinamizar”.

Num curto discurso, Ramalho Eanes apontou as “razões distintivas” que tornam o poder local “indispensável à verdadeira democracia”, nomeando a obrigação de responder às exigências da maioria sem desprezar as aspirações e contributos das minorias, o ser “escola” de formação e selecção de líderes políticos.

Apontou ainda o encurtamento da distância entre governantes e governados, aumentando a quantidade e a qualidade da participação dos cidadãos, e a redução da “manifestação de exacerbado partidarismo e demagogia”, pois a proximidade permite a escolha pela competência e pela honestidade.

“Este evento é mais que uma homenagem à minha acção política, que me limitei a exercer com ética e a preocupação de servir os portugueses”, mas “mormente uma homenagem a todos os autarcas, particularmente aqueles com quem convivi e com quem muito aprendi”, afirmou.

O antigo chefe de Estado recebeu a distinção no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Tomar, numa cerimónia que encerrou a sessão solene que assinalou o Dia Nacional dos Centros Históricos, que desde 1993 se comemora na data do nascimento do historiador Alexandre Herculano.

Numa mensagem gravada, o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou “a memória de uma carreira ilustre ao serviço de Portugal”, o “papel destacado” do general Ramalho Eanes durante a revolução de 1974, o ter sido o primeiro Presidente eleito em democracia e o protagonista de uma “transição pacífica de um momento revolucionário para uma democracia totalmente institucionalizada”.

“Não teria havido o Portugal contemporâneo que conhecemos sem Ramalho Eanes”, declarou Marcelo, que já antes elogiou Ramalho Eanes.