Mexicano deportado dos EUA suicida-se na fronteira

Homem atirou-se de uma ponte junto ao posto fronteiriço que liga Tijuana, no México, à cidade californiana de San Diego.

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O muro que já existe junto ao posto fronteiriço de San Ysidro Mike Blake/Reuters

Nem todos os pormenores são claros mas as autoridades mexicanas confirmaram que o homem que saltou de uma ponte a poucos metros do controlo fronteiriço de San Ysidro, El Chaparral, a principal ligação entre Tijuana e San Diego (Califórnia), tinha sido deportado dos Estados Unidos. O mexicano de 45 anos foi declarado morto já no hospital – tinha uma contusão na cabeça, provocada pela queda de uma altura de 30 metros, e sofrera um ataque cardíaco.

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Nem todos os pormenores são claros mas as autoridades mexicanas confirmaram que o homem que saltou de uma ponte a poucos metros do controlo fronteiriço de San Ysidro, El Chaparral, a principal ligação entre Tijuana e San Diego (Califórnia), tinha sido deportado dos Estados Unidos. O mexicano de 45 anos foi declarado morto já no hospital – tinha uma contusão na cabeça, provocada pela queda de uma altura de 30 metros, e sofrera um ataque cardíaco.

Segundo o relatório oficial, citado por jornais e televisões mexicanas, trata-se de Guadalupe Olivas Valencia, nascido em Sinaloa, um dos estados mais violentos do México, bastião do cartel de Joaquín “El Chapo” Guzmán, o barão da droga extraditado para os EUA em Janeiro.

A polícia acredita que Olivas Valencia acabava de ser deportado (era a terceira vez que isso lhe acontecia): tinha consigo um saco de plástico com as iniciais CBP – Customs and Border Protection, a Agência de Alfândega e Protecção Fronteiriça dos EUA – dentro do qual estavam alguns objectos e documentos.

O canal de televisão por cabo FORO TV mostra imagens do homem a caminhar junto à ponte e diz que saltou “minutos depois de ser deportado”. Isto aconteceu pelas 9h locais (16h em Portugal continental), na terça-feira. O correspondente do jornal espanhol El País descreve um caso em tudo semelhante mas identifica a vítima como José Luis Jiménez, de 44 anos, deportado a semana passada.

Um bombeiro citado na imprensa local diz que as testemunhas lhe contaram que o homem parecia “muito angustiado depois da expulsão para uma cidade onde não conhecia ninguém”. A polícia municipal recebeu um aviso e enviou para o local agentes aos quais se juntaram membros do Grupo Beta (parte do Instituto Nacional de Migração mexicano). O caso está agora nas mãos da Procuradoria-Geral de Justiça da Baixa Califórnia.

Esta morte acontece no mesmo dia em que a Administração do Presidente americano, Donald J. Trump, enviou novas instruções aos serviços de imigração e fronteiras, autorizando os agentes a deter quaisquer cidadãos suspeitos de viver no país sem autorização. Estas instruções seguem-se ao decreto presidencial de 25 de Janeiro que autoriza a construção do polémico muro na fronteira com o México, estabelece um reforço dos agentes e proíbe o refúgio nas chamadas “cidades santuário” (onde as autoridades recusam dar informações que provoquem a expulsão de pessoas e a separação de famílias).

No conjunto, os decretos e as instruções da nova Casa Branca não alteram as leis de imigração, mas endurecem muito os controlos e significam uma mudança drástica de abordagem – durante os mandatos de Barack Obama, as ordens eram para dar prioridade à expulsão de criminosos violentos ou pessoas ligadas a gangues.

Trump arrancou a campanha para as presidenciais de Novembro com um discurso em que descrevia os mexicanos que cruzam a fronteira para os EUA como “criminosos” e “violadores”. Desde então, prometeu várias vezes mão dura para os onze milhões de pessoas que se estima estarem no país sem papéis para ali viver ou trabalhar (metade deste serão mexicanos).

A semana passada, uma mexicana que vivia nos EUA desde os 14 anos e tem dois filhos foi deportada apesar dos protestos e da oposição das autoridades da cidade de Phoenix. Guadalupe García de Rayos "foi uma das primeiras vítimas do Presidente Trump", disse na altura aos manifestantes Carlos García, director do grupo Puente Arizona, um movimento que luta pela justiça para os imigrantes nesta cidade do Arizona. 

“Ainda não registámos um aumento considerável das deportações mas este caso [o suicídio] ilustra os riscos que se avizinham”, diz ao El País José María Ramos, investigador do Colef, um centro mexicano especializado em Estudos Migratórios. “Tendo em conta as diferenças salariais, e nos casos em que as pessoas já vivem nos EUA há muitos anos, estas medidas provocam um grande desespero.”

O secretário de Estado de Trump, Rex Tillerson, e o responsável da Segurança Nacional, John Kelly, viajam ainda esta quarta-feira para o México, onde na quinta se vão encontrar com o Presidente, Enrique Peña Nieto, para debater a segurança da fronteira, o reforço na cooperação ao combate ao tráfico de droga e as relações comerciais.