Ministério Público investiga denúncia sobre operações que passaram pelo Montepio
Em Abril de 2015 o Departamento de Acção Sancionatória do Banco de Portugal detectou a circulação de fundos com origem em Angola, e que envolviam o Finibanco Angola e o Montepio (o principal accionista) que considerou de sensibilidade elevada.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ao PÚBLICO que se “encontra em investigação” uma denúncia feita pelo Banco de Portugal em Julho do ano passado envolvendo movimentos que passaram pela Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). Em causa estarão operações financeiras transfronteiriças entre Angola e Portugal e que não terão sido reportadas ao abrigo das regras de combate ao crime de branqueamento de capitais.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ao PÚBLICO que se “encontra em investigação” uma denúncia feita pelo Banco de Portugal em Julho do ano passado envolvendo movimentos que passaram pela Caixa Económica Montepio Geral (CEMG). Em causa estarão operações financeiras transfronteiriças entre Angola e Portugal e que não terão sido reportadas ao abrigo das regras de combate ao crime de branqueamento de capitais.
Em Abril de 2015 o Departamento de Acção Sancionatória (DAS) do Banco de Portugal detectou a circulação de fundos com origem em Angola, e que envolviam o Finibanco Angola e o Montepio (o principal accionista) que considerou de sensibilidade elevada, recomendando que fossem comunicados às autoridades policiais.
A iniciativa decorreu no quadro de uma fiscalização do DAS ao Montepio, paralela à auditoria forense da Deloitte, e que incidiu sobre movimentos internacionais de grandes clientes. Nesta lista consta o nome do construtor José Guilherme, que se tornou figura pública depois de ter pago uma “comissão/liberalidade” de 14 milhões a Ricardo Salgado (o principal visado nas investigações ao BES) a troco de um alegado aconselhamento em negócios em África. Há cerca de três anos, José Guilherme recebeu um financiamento do Montepio de 17 milhões de euros, sustentado em garantias bancárias emitidas pelo Finibanco Angola a favor do banco português.
Em Angola, o grupo de José Guilherme aparece ligado à Ludomus- Sociedade Gestora de Investimentos Imobiliários, um “dos grandes contribuintes” de Angola e associado a projectos em Luanda, como as Torres Oceano e o condomínio Dolce Vita, financiados pelo BES Angola.
O relacionamento comercial do Montepio com a Visabeira, que em 2015 devia ao banco 150 milhões, também não escapou ao escrutínio do BdP, que fiscalizou ainda outro cliente: a empresa de Leiria de Manuel Barbeiro Costa, a Respol-Resinas.