Atentados junto ao estádio do Besiktas causam 29 mortos e 166 feridos
Maioria das vítimas eram agentes da polícia. Autoridades turcas detiveram dez pessoas.
Duas explosões junto ao estádio do Besiktas, no centro de Istambul, provocaram neste sábado pelo menos 29 mortos e 166 feridos, segundo o mais recente balanço feito pelo ministro do Interior turco, Süleyman Soylu.
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Duas explosões junto ao estádio do Besiktas, no centro de Istambul, provocaram neste sábado pelo menos 29 mortos e 166 feridos, segundo o mais recente balanço feito pelo ministro do Interior turco, Süleyman Soylu.
Depois de um primeiro balanço governamental ter indicado que havia 20 feridos, o número de vítimas resultantes do atentado não tem parado de subir: inicialmente fontes policiais apontaram à Reuters para 13 mortos, depois o Ministério da Saúde subiu para 15 e agora, já na madrugada deste domingo, o ministro do Interior revelou que pelo menos 29 pessoas morreram: 27 eram agentes da polícia e dois civis.
As explosões aconteceram neste sábado à noite, cerca das 22h30 locais (19h30, hora de Lisboa), uma hora e meia depois do fim do jogo de futebol entre o Besiktas e o Bursaspor (2-1).
A primeira ocorreu às 22h29 locais, quando um carro armadilhado explodiu junto a um veículo de transporte de polícias, nas imediações da Arena Vodafone, o estádio do Besiktas, um dos grandes clubes turcos. A segunda explosão aconteceu 45 segundos depois, quando um bombista suicida se fez explodir no meio de um grupo de polícias no parque de estacionamento de Maçka, também nas imediações do estádio, explicou o ministro do Interior, em conferência de imprensa, citada pela AFP.
Segundo Süleyman Soylu, as autoridades turcas detiveram dez pessoas na sequência deste ataque, o mais recente da vaga de atentados que tem atingido a Turquia desde o Verão de 2005 - até à hora de actualização desta notícia, o atentado não foi reivindicado. Ao Guardian, Erdal Guven, director do Diken, um site independente de Istambul, disse que as principais suspeitas recaem sobre grupos ligados aos curdos, que habitualmente fazem ataques dirigidos à polícia.
“Não importa qual o nome da organização terrorista que cometeu este ataque cobarde", diz um comunicado emitido pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acrescentando: "Que ninguém duvide que vamos derrotar essas organizações terroristas e aqueles que estão por trás delas."
O comunicado do Presidente turco foi divulgado antes de serem conhecidos os números de vítimas, mas já antecipava a gravidade do caso. “Infelizmente, temos mártires e feridos”, dizia o comunicado de Erdogan. "Assistimos esta noite em Istambul à mais hedionda manifestação do terrorismo.”
Erdogan afirmou ainda que “estas explosões, que ocorreram logo após o jogo Besiktas-Bursapor, tinham como objectivo causar o maior número possível de vítimas.”
As imagens da televisão mostraram a carroçaria de um carro a arder e dois focos de incêndio separados numa das ruas no exterior do recinto desportivo. A polícia vedou as ruas nas imediações do estádio do Besiktas, clube em que alinha o jogador português Ricardo Quaresma. No Twitter, o Bursaspor já revelou que nenhum dos seus adeptos ficou ferido na sequência da explosão.
“Foi como o inferno. As chamas subiram até ao céu. Eu estava a beber chá no café junto à mesquita”, contou à Reuters Omer Yilmaz, que trabalha perto do estádio do Besiktas. “As pessoas esconderam-se debaixo das mesas, as mulheres começaram a chorar. Os adeptos de futebol que estavam a beber chá no café procuraram abrigo. Foi horrível”, acrescentou.
As explosões foram captadas em vídeos amadores, já publicados nas redes sociais.
A Turquia tem sido alvo de vários atentados bombistas nos últimos anos, alguns reivindicados pelo Daesh, outros por grupos curdos ou por militantes de extrema-esquerda.
Só este ano, a BBC contabiliza cinco grandes atentados:
- 17 de Fevereiro: 28 pessoas morrem num ataque a uma coluna militar em Ancara
- 13 de Março: 37 mortos na sequência de uma explosão de um carro em Ancara, atribuída a militantes curdos
- 29 de Junho: 41 mortos num ataque com armas e bombas no aeroporto de Istambul, de que o Daesh é suspeito
- 30 de Julho: 35 combatentes curdos são mortos pelo exército turco ao tentarem tomar uma base militar
- 20 de Agosto: ataque bombista numa festa de casamento em Gaziantep matou pelo menos 51 pessoas. Daesh é o suspeito do atentado.