Obama quer avaliação de ataques russos às eleições antes de deixar Casa Branca

Donald Trump tem sempre posto em dúvida que o Partido Democrata tenha sido atacado. Se tiver sido, questiona que a Rússia esteja por trás.

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Em Outubro, os EUA acusaram oficialmente a Rússia de realizar uma ampla campanha com o objectivo de influenciar as eleições AFP/SAUL LOEB

Barack Obama deu ordem às agências de informação norte-americanas para que façam uma avaliação dos ataques informáticos e da intervenção estrangeira nas eleições presidenciais – pelos quais o FBI acusou a Rússia em Outubro. O relatório completo deve estar pronto antes de o actual Presidente deixar a Casa Branca, a 20 de Janeiro.

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Barack Obama deu ordem às agências de informação norte-americanas para que façam uma avaliação dos ataques informáticos e da intervenção estrangeira nas eleições presidenciais – pelos quais o FBI acusou a Rússia em Outubro. O relatório completo deve estar pronto antes de o actual Presidente deixar a Casa Branca, a 20 de Janeiro.

“Podemos ter cruzado uma nova fronteira”, disse Lisa Monaco, conselheira de Obama para a Segurança Nacional no Departamento de Justiça, citada pela New York Times. O relatório deverá ser partilhado com membros do Congresso – que nos últimos tempos têm pressionado o Presidente para que desclassifique mais informação sobre as intrusões nos servidores do Partido Democrata, nos e-mails de John Podesta, director de campanha de Hillary Clinton, e eventualmente outros, diz o Washington Post.

Os congressistas querem saber porque é que a Casa Branca acusou claramente o Kremlin de estar por trás dos ciberataques que possibilitaram o acesso a estas informações – que, em alguns casos, foram divulgadas pelo Wikileaks. Em Outubro, os EUA acusaram oficialmente a Rússia.

O director dos serviços de inteligência (espionagem), James Clapper Jr, e o secretário da Segurança Interna, Jeh Johnson, emitiram uma declaração conjunta dizendo que a Rússia estava por trás da pirataria dos computadores do Comité Nacional do Partido Democrata e sugeriam que esta acção tinha sido aprovada pelos mais altos níveis do Governo russo. O vice-presidente, Joe Biden, ameaçou Moscovo de retaliação.

Caiu uma sombra de suspeita sobre o Presidente eleito, Donald Trump, porque no Verão incitou a Rússia a descobrir “os e-mails desaparecidos de Hillary Clinton”. Apesar destas palavras, Trump tem sempre posto em causa que tenham sequer existido os ciberataques contra os democratas e, se tiverem acontecido, questiona que a Rússia esteja por trás deles.

“Não acredito que tenham [a Rússia] interferido” nas eleições, disse à revista Time, na edição que o escolheu como personalidade do ano. Atirou ao ar várias hipóteses sobre a identidade dos hackers: “Pode ter sido a Rússia. Pode ter sido a China. Ou pode ter sido um tipo qualquer em Nova Jérsia.”

“Dada a perturbante recusa do Presidente eleito em ouvir a comunidade dos serviços secretos e aceitar que os ciberataques foram orquestrados pelo Kremlin, há uma urgência adicional na necessidade em fazer uma avaliação profunda antes de o Presidente Obama sair da Casa Branca no mês que vem”, comentou o Adam Schiff, da comissão de Inteligência da Câmara dos Representantes, citado pelo Washington Post.