Polónia rejeita "definitivamente" pedido de extradição de Polanski
“Passaram 38 anos", "a parte lesada perdoou publicamente Roman Polanski", que lhe pagou "a indemnização exigida”, disse o juiz. O realizador, diz a justiça, já passou 353 dias preso.
É um processo aparentemente imparável, o dos pedidos de extradição de Roman Polanski - e da sua rejeição. O Supremo Tribunal da Polónia recusou "definitivamente" esta terça-feira, segundo a agência AFP, reabrir o processo de extradição para os Estados Unidos do realizador pelo caso de abuso sexual de uma menor, que leva a que as autoridades norte-americanas o tentem deter desde 1977.
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É um processo aparentemente imparável, o dos pedidos de extradição de Roman Polanski - e da sua rejeição. O Supremo Tribunal da Polónia recusou "definitivamente" esta terça-feira, segundo a agência AFP, reabrir o processo de extradição para os Estados Unidos do realizador pelo caso de abuso sexual de uma menor, que leva a que as autoridades norte-americanas o tentem deter desde 1977.
O Supremo Tribunal “negou provimento ao recurso”, confirmou o juiz Michal Laskowsi em Varsóvia. O governo polaco reabriu o processo pelas mãos do próprio ministro da Justiça, Zbigniew Ziobro, que é membro do governo conservador, em Maio. O ministro, que é também procurador-geral da República, dava uma nova reviravolta a um caso que tinha aparentemente findado em Outubro de 2015, quando a justiça polaca negara a extradição do franco-polaco Roman Polanski pedida em 2014 pelos EUA.
A 10 de Março de 1977, Samantha Geimer, de 13 anos, esteve em casa de Jack Nicholson numa sessão fotográfica para a edição francesa da revista Vogue. Polanski deu-lhe champanhe a beber e um conhecido analgésico usado como estupefaciente e violou-a. Vários processos judiciais rodearam o caso e o cineasta chegou a declarar-se inocente, tendo sido detido durante algum tempo. Acabaria por ser condenado a curta pena pelo crime de sexo com menor (42 dias de prisão) mas fugiu dos EUA em 1978 antes de ser lida a sentença – diz ter pensado que a pena seria muito mais pesada.
Em 1988, Samantha Geimer processou-o num tribunal cível e só dez anos depois, Polanski lhe pagaria a indemnização de 225 mil dólares que pedia. Chegou a ser detido novamente em 2009 na Suíça, ficando em prisão domiciliária durante meses até ser rejeitada a sua extradição para os EUA pela justiça suíça. A vítima disse entretanto tê-lo perdoado e considerar que o caso estava encerrado, mas há um mandado de captura pendente sobre Polanski, que também pediu já desculpas a Geimer. Ao longo dos anos e de vários processos e detenções preventivas, Polanski já cumpriu 353 dias de prisão entre os EUA e a Suíça, segundo contas da justiça da Califórnia citadas pelo juiz polaco esta terça-feira.
“Passaram 38 anos sobre os acontecimentos em causa, a parte lesada perdoou publicamente Roman Polanski e este último endereçou-lhe a indemnização exigida”, disse o juiz Michal Laskowski. “Depois deste tempo todo, Roman Polanski não teve qualquer conflito com a justiça, há 20 anos leva uma vida familiar estável, trabalha e é um cidadão polaco de 83 anos de idade”, cita a AFP.
Polanski tem agora 83 anos e não esteve presente em tribunal – vive em França mas desloca-se frequentemente ao seu país natal. Os seus advogados disseram que se encontra em Paris, em rodagem, e que esperam que já que “o caso está fechado na Polónia, na Suíça e em França, esperamos que um dia esteja fechado nos EUA”.