José Eduardo dos Santos não confirma saída em 2017
Expresso e Rede Angola dizem que o Presidente informou o MPLA que gostava de ver João Lourenço no seu lugar depois das legislativas.
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder há 37 anos, lançou esta sexta-feira a campanha do seu partido para as eleições legislativas de 2017. Disse que ao MPLA só serve uma maioria, mas não confirmou ou desmentiu a sua retirada da vida política antes da votação.
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O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, no poder há 37 anos, lançou esta sexta-feira a campanha do seu partido para as eleições legislativas de 2017. Disse que ao MPLA só serve uma maioria, mas não confirmou ou desmentiu a sua retirada da vida política antes da votação.
"O nosso objectivo é ganhar as eleições com maioria absoluta ou, no mínimo, uma maioria qualificada", disse na reunião do Comité Central do Movimento Popular para a Libertação de Angola (MPLA), que se realizou em Luanda. "A chave do sucesso será a disciplina e a união de todos em torno de um candidato", prosseguiu, citado pela AFP, sem contudo dizer se será ele ou outro esse candidato.
Segundo o Expresso e o jornal online Rede Angola, José Eduardo dos Santos informou a cúpula do partido que não se recandidatará e indicou João Lourenço, actual ministro da Defesa, como o seu candidato à liderança do MPLA e, por inerência, à presidência. Em Angola não se realizam eleições presidenciais. O Presidente é o chefe do partido mais votado nas legislativas - que se realizam em Agosto de 2017.
"‘Estou doente, já tenho o meu candidato e agora vocês que apresentem outros candidatos’ — mais palavra, menos palavra, esta foi a mensagem transmitida por Eduardo dos Santos perante alguns membros da direcção do MPLA, encabeçados por Kundi Paihama, que insistia na eternização [de dos Santos] à frente dos destinos de Angola", escreve o semanário português.
Para vice-presidente de João Lourenço, diz o Rede Angola, foi indicado o nome do actual ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa.
Mas como a notícia, avançada pelos jornais português e angolano, de que Eduardo dos Santos tinha tomado a decisão de se retirar a 8 de Novembro e que iria anunciá-la, ao MPLA e ao país, durante a reunião desta sexta-feira do Comité Central, não se confirmou, ficou também por oficializar este anúncio de sucessão. Até há pouco tempo, uma das teses que circulavam em Angola e em Portugal era a de que Eduardo dos Santos poder indicar um dos seus filhos (José Filomeno dos Santos) como sucessor desejável. Uma das suas filhas, Isabel dos Santos, foi nomeada presidente da petrolífera estatal, a Sonangol.
Eduardo dos Santos, de 74 anos, está no poder desde 1979, quando substituiu Agostinho Neto (o primeiro Presidente de Angola) à frente do país. Em Março, durante um Congresso do MPLA, anunciou que em 2018 abandonará a vida política - um ano em que não há eleições, estas acontecem em Agosto de 2017.
Há algumas semanas que, em Luanda, corriam rumores sobre o agravamento do estado de saúde do Presidente. Num comunicado publicado na quinta-feira, o MPLA acusou a oposição de estar a divulgar "mentiras" sobre o assunto. "O CAMARADA PRESIDENTE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS [as maiúsculas estão no próprio comunicado] tem dirigido, pessoal e directamente, os trabalhos dos órgãos e organismos de cúpula do MPLA e do Estado", pode ler-se.
"O objectivo número um dos inimigos da paz é o de semear a confusão no seio do povo angolano e desencorajar os investidores internos e externos, numa altura particular em que o Governo Angolano acaba de negociar, com as autoridades da República Popular da China, financiamentos que vão ajudar a alavancar a economia angolana, designadamente no sector das infra-estruturas do País e se prepara para a realização das Eleições Gerais, que terão lugar em Agosto do próximo ano", escreveu o MPLA.