No New York Times, Trump condena extrema-direita e desiste de julgar Hillary
Depois de todos os tweets a atacar o New York Times, Donald Trump encontrou-se esta terça-feira com os jornalistas e a direcção do diário.
E depois de todos os tweets a atacar o New York Times (NYT) e de ter cancelado às primeiras horas do dia uma ida à redacção do principal jornal de referência dos Estados Unidos, Donald Trump deu mais uma cambalhota e encontrou-se esta terça-feira com os jornalistas e a direcção do diário.
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E depois de todos os tweets a atacar o New York Times (NYT) e de ter cancelado às primeiras horas do dia uma ida à redacção do principal jornal de referência dos Estados Unidos, Donald Trump deu mais uma cambalhota e encontrou-se esta terça-feira com os jornalistas e a direcção do diário.
Durante cerca de uma hora, o Presidente eleito respondeu às questões da redacção e aproveitou o momento para recusar o apoio de uma nebulosa de grupos racistas e de extrema-direita recentemente referidos na imprensa norte-americana pela designação alt-right. “Não quero galvanizar o grupo e condeno-o”, disse. “Se eles se sentem galvanizados, eu quero analisar isso e perceber porquê”, afirmou.
Questionado sobre a presença na administração Trump de Steve Bannon, ex-director do site da direita radical Breitbart, o republicano desvalorizou a associação do futuro conselheiro-chefe a grupos extremistas.
“Se eu achasse que ele era racista ou do movimento alt-right ou qualquer dessas coisas, nem pensaria em contratá-lo”, disse. “O Breitbart é apenas uma publicação. Eles cobrem histórias como vocês cobrem histórias. Eles são com certeza um jornal muito mais conservador, para utilizar termos brandos, do que o NYT. Mas o Breitbart é um órgão noticioso verdadeiro e bastante bem-sucedido”, justificou.
Já sobre o NYT, Trump admitiu que o lê. “Infelizmente. Viveria para aí mais uns 20 anos se não o lesse”, disse.
No encontro, que foi sendo relatado precisamente no Twitter pelos jornalistas Maggie Haberman e Mike Grynbaum, Trump voltou ainda a sinalizar o recuo em algumas das principais promessas feitas na campanha. Depois de repetidos comícios em que “lock her up” (“prendam-na”) foi palavra de ordem, o cenário da nomeação de um procurador especial para investigar e julgar a adversária democrata Hillary Clinton por supostos crimes está definitivamente posto de parte.
“Não é algo em relação ao qual tenha sentimentos muito fortes”, disse Trump. “Eu não quero magoar os Clinton, não quero mesmo. Ela já passou por muito e sofreu de maneiras muito diferente”, acrescentou.
Ainda a propósito da campanha – “18 meses de brutalidade, no verdadeiro sentido da palavra” – Trump admitiu que preferia que as eleições se realizassem por voto popular. “Nunca fui um fã do colégio eleitoral”, disse. O sistema, no entanto, beneficiou-o face à adversária democrata, que conquistou quase dois milhões de votos mais que o republicano.
Trump sugeriu também um eventual recuo na política ambiental. Se, antes da eleição para a Casa Branca, o aquecimento global era uma “fraude” atribuída aos chineses com o propósito de minar a competitividade económica dos norte-americanos, o republicano admite agora que “há alguma relação” entre a actividade humana e as alterações climáticas. E afirma que irá manter "uma mente aberta" sobre a eventual permanência dos Estados Unidos no acordo de Paris, que antes prometeu denunciar.
“O ar limpo é de uma importância vital”, disse, afirmando estar, no entanto, igualmente preocupado com "o quanto irá custar às empresas" a adopção de medidas de combate às emissões poluentes, e os potenciais efeitos na competitividade da economia norte-americana.
Seria o clima o problema que Barack Obama terá isolado na recepção a Trump na Casa Branca? O republicano disse que o ainda Presidente dos Estados Unidos expôs “o que pensa serem os maiores problemas, em particular um problema”, mas não concretizou a alusão.
"Gostei mesmo dele", afirmou Trump sobre o chefe de Estado, admitindo não ter percebido se o sentimento foi recíproco.
Sobre o futuro das empresas da família e a eventual ocorrência de conflitos de interesse, Trump disse que a lei está do seu lado.
"A lei está totalmente do meu lado, um Presidente não pode ter conflitos de interesse", afirmou. Vender as empresas está fora de questão. A gestão corrente está a ser transferida para os filhos. Mas, admite, até poderia continuar na política e nos negócios ao mesmo tempo: "Em teoria, podia continuar a administrar os meus negócios e depois a liderar o país, perfeitamente".
Na frente internacional, os tweets dos jornalistas do NYT pouco adiantam sobre o que será a agenda externa de Trump. A Síria é “um problema” a ser resolvido, sim, e o Presidente eleito tem “uma visão diferente de toda a gente" sobre o assunto. Não disse qual, mas fez uma confissão: “Adoraria ser aquele que alcançou a paz entre Israel e os palestinianos, isso seria um grande feito”. O milionário nova-iorquino sugeriu que o genro, Jared Kushner, judeu, poderia contribuir para o acordo.