Presidente sul-coreana acusada de cumplicidade em caso de corrupção
Ministério Público não pode processar Park Geun-hye, mas vai continuar a investigá-la. Oposição pede demissão e começa a falar em destituição.
A Justiça sul-coreana acusou a Presidente Park Geun-hye de cumplicidade no caso de corrupção e abuso de poder que envolve a sua ex-melhor amiga e dois antigos assessores. O Ministério Público não pode, porém, julgá-la, uma vez que está protegida pela Constituição que determina que só um crime de traição pode levar um chefe de Estado ao tribunal.
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A Justiça sul-coreana acusou a Presidente Park Geun-hye de cumplicidade no caso de corrupção e abuso de poder que envolve a sua ex-melhor amiga e dois antigos assessores. O Ministério Público não pode, porém, julgá-la, uma vez que está protegida pela Constituição que determina que só um crime de traição pode levar um chefe de Estado ao tribunal.
Mas a decisão levanta a pergunta "quanto tempo conseguirá resistir Park?" - nas ruas, os cidadãos continuam a manifestar-se contra ela e a oposição, que para já só exige que se demite, já começou a falar na possibilidade de haver um processo de destituição.
O anúncio do Ministério Público de Seul sobre o envolvimento da Presidente no "escândalo da amiga" foi feito na mesma altura em que foram confirmadas as acusações contra Choi Soon-sil (a ex-amiga) e os antigos assessores de Park, An Chong-bum e Jeong Ho-seong. Os três usaram a sua influência junto da Presidente para forçarem empresas sul-coreanas a darem avultadas somas de dinheiro a fundações geridas por Choi. No total, arrecadaram quase 66 milhões de dólares (62 milhões de euros). Jeong foi também acusado de passar informação classificada a Choi.
"A investigação especial concluiu, com base nas provas que existem até ao momento, que a Presidente foi cúmplice de Choi Soon-sil, An Chong-bum e Jeong Ho-seong de forma bastante considerável", disse Lee Young-ryeol, o chefe da equipa de investigadores do Ministério Público, citado pelo jornal de Hong Kong South China Morning Post.
Park Geun-hye não comentou a acusação. O seu advogado, Yoo Yeong-ha, rejeitou-a — disse que tudo não passa de "imaginação" e acusou os advogados públicos de terem "construído uma fantasia". E o porta-voz da Casa Azul (a presidência), Jung Youn-kuk, disse que esta acusação é "lamentável".
"Vamos continuar a investigar a Presidente", garantiu Lee. Porém, a investigação deverá sair-lhe das mãos; o Parlamento decidiu criar uma comissão especial para averiguar o papel da Presidente, sendo que este grupo de trabalho começa funções em Dezembro.
Apesar da pressão das ruas (o caso motivou a realização das maiores manifestações em Seul desde a década de 1980 ) e da oposição, não se espera uma demissão - perante a acusação, que diz ter provas, Park não arrisca abandonar o cargo e perder a imunidade. Mas a Presidente está cada vez mais frágil, do ponto de vista pessoal e político. Perdeu margem de manobra, o que pode prejudicar a governação, pois na Coreia do Sul a Presidente é de facto a chefe do Governo, apesar de haver um primeiro-ministro; o seu partido, Saenuri, já tinha perdido este ano a maioria no Parlamento.
Para já, a oposição - Partido Democrático e Partido do Povo (centrista) - tem-se limitado a pressionar, pedindo a Park que se demita. Mas começam a falar em destituição, ainda que não arrisquem para já anunciar o início do processo para afastar a Presidente, apesar de terem argumentos legais para o fazer, segundo os analistas.
O mandato de cinco anos de Park Geun-hye só termina em 2018. A Presidente já pediu publicamente desculpa pelo que se passou, explicando que quando iniciou funções recorreu à ajuda da amiga íntima porque era inexperiente e precisava de pessoas de confiança com quem falar. Quanto à sua eventual pressão junto de empresas, disse que pediu ajuda junto da comunidade empresarial para beneficiar a economia e não para ter ganhos pessoais ou favorecer alguém.
A "amiga genial" da Presidente sul-coreana foi detida