Turquia detém presidente do jornal Cumhuriyet
Akin Atalay regressava de uma viagem à Alemanha quando foi detido no aeroporto de Istambul.
A polícia turca deteve na manhã desta sexta-feira o presidente do Cumhuriyet, o principal jornal da oposição ao Presidente Recep Tayyip Erdogan, no mais recente episódio de uma já longa novela de prisões de pessoas acusadas de ter apoiado a tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho.
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A polícia turca deteve na manhã desta sexta-feira o presidente do Cumhuriyet, o principal jornal da oposição ao Presidente Recep Tayyip Erdogan, no mais recente episódio de uma já longa novela de prisões de pessoas acusadas de ter apoiado a tentativa de golpe de Estado de 15 de Julho.
Akin Atalay foi detido no aeroporto Ataturk, em Istambul, quando regressava de uma viagem à Alemanha, no seguimento de um mandado de captura emitido horas antes em seu nome, noticiou o jornal a que preside e que era considerado como um dos últimos títulos da imprensa turca não controlado pelas autoridades.
Na semana passada, nove jornalistas, incluindo o actual director, foram detidos e ficaram a saber que terão de aguardar julgamento na prisão, por suspeita de ligações ao movimento de Fethullah Gülen, o imã exilado nos EUA que Erdogan acusa de ser o responsável pelo golpe, e de apoio à guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
No ano passado, o ex-director do jornal, Can Dundar, tinha já sido detido e acusado de divulgação de espionagem, depois de o Cumhuriyet ter publicado uma investigação ao envio secreto de armas do Exército turco para os rebeldes sírios apoiados por Ancara. Acabou por ser libertado e vive actualmente exilado na Alemanha.
Desde o golpe falhado, mais de 110 mil pessoas (segundo números oficiais) foram detidas, suspensas ou despedidas, entre eles juízes, magistrados, polícias, professores e funcionários públicos, todos por suspeitas de serem seguidores de Gülen. Destes, 36 mil aguardam julgamento na prisão. Em quatro meses, a justiça turca ordenou também o encerramento de 130 empresas de comunicação social, incluindo jornais, rádios e canais de televisão, agravando os receios dos aliados internacionais de que Erdogan está a usar as investigações ao golpe para afastar todas as vozes críticas ao Governo.