Da Calábria ao Japão com Portugal no palmarés do Doclisboa
Calabria, viagem da Suíça à Itália por um agente funerário português, e Ama-san, viagem ao Japão de uma documentarista portuguesa, são os vencedores da edição 2016 do festival que termina no domingo
A programação do Doclisboa 2016 tinha dado a entender o bom momento do documentário que se faz em Portugal, e o palmarés anunciado ao princípio da noite de sábado vem confirmá-lo: dos 12 prémios atribuídos pelos vários júris, oito foram entregues a produções ou co-produções portuguesas. Mesmo o vencedor do Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor filme no concurso internacional tem Portugal lá dentro: Calabria, do suíço Pierre-François Sauter, acompanha dois agentes funerários que transportam o corpo de um emigrante de Lausanne para a sua terra natal na Calábria. Os agentes funerários são, eles próprios, emigrantes, o português José Russo Baião e o sérvio Jovan Nikolic, e o modo como Sauter acompanha tranquilamente a longa viagem da dupla numa viatura funerária toca de modo discreto em questões centrais da identidade europeia contemporânea.
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A programação do Doclisboa 2016 tinha dado a entender o bom momento do documentário que se faz em Portugal, e o palmarés anunciado ao princípio da noite de sábado vem confirmá-lo: dos 12 prémios atribuídos pelos vários júris, oito foram entregues a produções ou co-produções portuguesas. Mesmo o vencedor do Grande Prémio Cidade de Lisboa para melhor filme no concurso internacional tem Portugal lá dentro: Calabria, do suíço Pierre-François Sauter, acompanha dois agentes funerários que transportam o corpo de um emigrante de Lausanne para a sua terra natal na Calábria. Os agentes funerários são, eles próprios, emigrantes, o português José Russo Baião e o sérvio Jovan Nikolic, e o modo como Sauter acompanha tranquilamente a longa viagem da dupla numa viatura funerária toca de modo discreto em questões centrais da identidade europeia contemporânea.
O júri da competição internacional, formado pelas realizadoras Manon de Boer, Karen Akerman e Valérie Massadian, pela programadora Kathrin Kohlstedde e pelo jornalista Ludovic Lamant, atribuiu uma menção honrosa à média-metragem da colombiana Laura Huertas-Millán Sol Negro, experiência paredes-meias com a ficção etnográfica; o Prémio SPA à curta de estreia do marroquino Ilias el Faris, Azayz; e o Prémio PÚBLICO de melhor curta (transversal a várias secções) a Downhill, do português Miguel Faro, sobre a cultura skate.
O melhor filme português a concurso é igualmente tranquilo – Ama-san, a envolvente viagem de Cláudia Varejão ao mundo das mergulhadoras japonesas que pescam ouriços e vieiras nas costas nipónicas, foi a escolha do júri formado pela artista Emily Wardill, pela cantora Alexandra Carmo (Xana dos Rádio Macau) e pelo programador Mads Mikkelsen. O mesmo júri atribuiu ainda dois prémios transversais às várias secções. O Pémio José Saramago coube a Correspondências de Rita Azevedo Gomes, sobre a correspondência entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena. 300 Miles, do sírio Orwa el Mokdad, sobre a experiência da guerra na Síria vista em Daraa e em Alepo, recebeu o galardão de Melhor Primeira Obra.
Na competição nacional foram ainda citados a co-produção A Cidade onde Envelheço da brasileira Marília Rocha (Prémio Kino Sound Studio) e o ensaio de Edgar Pêra O Espectador Espantado (prémio Escolas ETIC). O filme de Cláudia Rita Oliveira sobre o artista plástico Cruzeiro Seixas, As Cartas do Rei Artur, recebeu o Prémio do Público para melhor filme português. Duas outras curtas nacionais venceram a competição de filmes de escola Verdes Anos – Pulse de Robin Petré (Grande Prémio) e O Cabo do Mundo de Kate Saragaço-Gomes (Prémio Especial do Júri).
O palmarés pode ser visto ainda em sala este domingo. No Cinema São Jorge exibem-se às 16h15 Downhill e Ama-san; a Culturgest recebe às 19h 300 Miles e às 21h30 Azayz e Calabria.