Sturgeon desafia Theresa May e anuncia projecto para novo referendo na Escócia
Líder do governo autónomo acusa Governo britânico de ter adoptado "políticas e retórica do UKIP" e assegura que "tudo fará" para salvaguardar interesse escocês.
Nicola Sturgeon, líder do governo autónomo escocês, anunciou que vai apresentar na próxima semana um projecto de lei prevendo a realização de um segundo referendo à independência, num claro desafio à primeira-ministra britânica, Theresa May, e aos planos do seu Governo para um corte radical com a União Europeia.
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Nicola Sturgeon, líder do governo autónomo escocês, anunciou que vai apresentar na próxima semana um projecto de lei prevendo a realização de um segundo referendo à independência, num claro desafio à primeira-ministra britânica, Theresa May, e aos planos do seu Governo para um corte radical com a União Europeia.
A ameaça de repetir a consulta de 2014 pairava no ar ainda antes do referendo que em Junho determinou a saída do Reino Unido da UE – opção à qual a Escócia sempre se opôs, tendo sido, juntamente com Londres, a única região onde a permanência na UE foi maioritária. Londres, primeiro pela voz de David Cameron e agora pela da sua sucessora, responderam que a questão ficou resolvida há dois anos quando, depois de uma campanha muito renhida, os escoceses votaram contra a independência.
Mas Sturgeon volta à carga, afirmando que as últimas semanas mostram que o Partido Conservador britânico foi tomado pela “ala direita xenófoba e furiosa” e que May tomou como suas “a política e a retórica” dos populistas do UKIP.
“Estou determinada a que a Escócia tenha capacidade para reconsiderar a questão da independência – e a fazê-lo antes de o Reino Unido abandonar a UE –, se isso for necessário para proteger os interesses do país”, afirmou Sturgeon no congresso anual do Partido Nacional Escocês (SNP), desencadeando uma longa ovação entre os militantes. Sturgeon não revelou, no entanto, se o projecto que apresentará na próxima semana para consulta tem já data para ser votado no parlamento escocês, onde o SNP tem maioria.
A responsável admitiu que Londres tem legitimidade para negociar a saída britânica da UE, mas não tem mandato para excluir a Escócia do mercado único europeu – a grande batalha dos que, depois de terem lutado pela permanência na UE, querem garantir que o “Brexit” terá um impacto menor possível sobre a economia do país.
E antecipando já a resposta de Londres à sua pretensão (só o Parlamento britânico pode autorizar a realização do referendo), Sturgeon foi clara sobre a sua determinação no recado que enviou a May: “Ouça bem isto: se pensa por um segundo que não estou a falar a sério quando digo que farei o que for necessário para proteger os interesses da Escócia, pense de novo.”