Taxistas vão a Belém mas Marcelo estará na Suíça

Presidente da República garantiu que "alguém de Belém" ouvirá as razões dos manifestantes. Mas eles não ouvirão nada de concreto, pois o chefe de Estado só se pronunciará sobre o diploma quando o receber.

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daniel rocha

Quando, na próxima segunda-feira, a manifestação preta e verde acampar à porta do Palácio de Belém, o Presidente da República estará em visita de Estado à Suíça. Mas mesmo que estivesse em Portugal, seriam os seus assessores a reunir com os representantes das empresas de táxis.

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Quando, na próxima segunda-feira, a manifestação preta e verde acampar à porta do Palácio de Belém, o Presidente da República estará em visita de Estado à Suíça. Mas mesmo que estivesse em Portugal, seriam os seus assessores a reunir com os representantes das empresas de táxis.

Foi o próprio Marcelo Rebelo de Sousa que o garantiu nesta terça-feira, à margem de uma conferência sobre economia digital: "O que acontece, como aconteceu no passado, é que certamente alguém de Belém ouvirá (…) as razões dos taxistas".

Os empresários vêem na Presidência o último reduto de esperança para travar a lei em preparação pelo Governo para regularizar as plataformas digitais de transporte ocasional de passageiros (como a Uber ou a Cabify), e escolheram o Palácio de Belém para palco principal da próxima manifestação. Outras duas deverão acontecer à porta das câmaras municipais do Porto e Faro, as outras cidades onde aquelas plataformas operam.

Mas sobre a questão concreta, Marcelo não se pronuncia, para já. "Aguardaremos serenamente o diploma que há-de vir ou do Governo ou da Assembleia da República", vincou o chefe de Estado.

Na última segunda-feira, no longo dia de protesto nacional que juntou milhares de taxistas em Lisboa por mais de 17 horas, era o primeiro-ministro que se encontrava fora do país - estava na China, em visita oficial. Já o Presidente da República, que teve um dia cheio, desdramatizou o protesto. 

Ao fim do dia, já depois de um carro ter sido vandalizado, três taxistas terem sido detidos e ter havido algumas escaramuças com a polícia, Marcelo Rebelo de Sousa dizia que, à excepção de um episódio", a manifestação tinha sido pacífica.