Jeremy Corbyn reforça o seu mandato como líder dos trabalhistas britânicos

Conseguiu mais de 61% dos votos e encerrou a disputa no partido com um discurso marcadamente de oposição ao Governo de Theresa May, a quem chamou uma versão de Cameron.

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Jeremy Corbyn depois de conhecer os resultados da voltação, na sede do partido em Liverpool Peter Nicholls/AFP

Jeremy Corbyn foi reeleito para a liderança do Partido Trabalhista com 61,8% dos votos, no segundo mandato que recebe num ano. No discurso de vitória, Corbyn quis encerrar o período de divergências internas — aberto logo após o referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia — com um discurso de unidade e com um teor a marcar que, agora, a principal tarefa do partido é fazer uma oposição forte.

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Jeremy Corbyn foi reeleito para a liderança do Partido Trabalhista com 61,8% dos votos, no segundo mandato que recebe num ano. No discurso de vitória, Corbyn quis encerrar o período de divergências internas — aberto logo após o referendo que determinou a saída do Reino Unido da União Europeia — com um discurso de unidade e com um teor a marcar que, agora, a principal tarefa do partido é fazer uma oposição forte.

Corbyn agradeceu ao seu rival na corrida à liderança, Owen Smith: “Fazemos parte da mesma família do Labour e é assim que vai continuar a ser”, cita o Guardian. Corbyn afirmou ainda sentir-se “honrado” por ter sido eleito, depois de meses de tensão com muitos deputados do seu próprio partido.

Votaram nestas eleições mais de meio milhão de membros do Labour, sindicalistas e apoiantes registados, adianta a BBC. Corbyn recebeu 313209 votos, bem acima dos 193229 de Owen Smith.

Owen Smith, um antigo lobista da farmacêutica Pfizer e produtor de rádio da BBC, era pouco conhecido dos britânicos (a antiga ministra Angela Eagle foi a primeira a avançar, mas desistiu da candidatura em nome da unidade da bancada).

No seu discurso de vitória, o líder reeleito acusou o Governo de Theresa May de ser apenas uma nova versão da governação de direita de David Cameron (que se demitiu depois do resultado do referendo à saída do Reino Unido da União Europeia). Afirmou que os actuais níveis de pobreza do país são inaceitáveis e que é preciso partilhar a riqueza de forma mais igualitária, continua o Guardian. Garantiu ainda que o Partido Trabalhista está capacitado para formar Governo. O Labour deve agora unir-se para se tornar "no motor de progresso do nosso país” e derrotar o executivo conservador.

Segundo a BBC, tem havido alguma especulação sobre a possibilidade de os deputados trabalhistas que se demitiram do governo sombra de Corbyn em Junho, devido a discordâncias sobre a sua liderança, possam regressar numa tentativa de sarar as feridas geradas pelas divergências quanto ao rumo tomado pelo partido.

Para Corbyn, “a vitória é doce”, comenta Laura Kuenssberg, editora de política da estação britânica. “Não só porque confirma o seu enorme apoio entre os milhares e milhares de membros pelo país. Esta é a segunda vez que Corbyn derrota o establishment do Labour que, acreditam muitos dos seus apoiantes, sistematicamente tentou prejudicar o líder nos últimos 12 meses”. Surgiram acusações de que o aparelho partidário excluiu deliberadamente apoiantes de Corbyn das listas de eleitores de forma a reduzir o tamanho da sua vitória. 

Corbyn foi pela primeira vez eleito líder dos trabalhistas em Setembro de 2015, quando derrotou três outros candidatos e recebeu 59,5% dos votos, recorda a BBC. A afluência às urnas foi superior desta vez, com 77,6%.