Raça, mães, crime ou a Revolução Cultural são os temas finalistas do prémio Man Booker

Seis romances de Reino Unido, EUA e Canadá candidatos ao importante galardão literário, cuja shortlist foi anunciada na manhã desta terça-feira. J.M. Coetzee ficou pelo caminho.

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Os finalistas do Prémio Man Booker, um dos mais importantes galardões literários do mundo, distribuem-se quase irmãmente pelos principais territórios da escrita em língua inglesa. São eles os britânicos Deborah Levy, com Hot Milk, e Graeme Macrae Burnet, com His Bloody Project, os norte-americanos Paul Beatty, com The Sellout, e Ottessa Moshfegh, com Eileen, além de David Szalay, que representa simultaneamente o Canadá e o Reino Unido com o romance All That Man Is, e a canadiana Madeleine Thien, com Do Not Say We Have Nothing. De fora do anúncio desta manhã de terça-feira em Londres ficou talvez um dos candidatos mais sonantes ao prémio, J.M. Coetzee.

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Os finalistas do Prémio Man Booker, um dos mais importantes galardões literários do mundo, distribuem-se quase irmãmente pelos principais territórios da escrita em língua inglesa. São eles os britânicos Deborah Levy, com Hot Milk, e Graeme Macrae Burnet, com His Bloody Project, os norte-americanos Paul Beatty, com The Sellout, e Ottessa Moshfegh, com Eileen, além de David Szalay, que representa simultaneamente o Canadá e o Reino Unido com o romance All That Man Is, e a canadiana Madeleine Thien, com Do Not Say We Have Nothing. De fora do anúncio desta manhã de terça-feira em Londres ficou talvez um dos candidatos mais sonantes ao prémio, J.M. Coetzee.

Os temas tocam a raça e a constituição americana (The Sellout), a maternidade e a feminilidade (Hot Milk, da já finalista em 2012 Deborah Levy), um crime que choca um país (His Bloody Project), o desejo de escapismo que redunda em mais crime (Eileen, cuja autora já venceu o prémio PEN/Hemingway Award e é a mais jovem finalista, com 35 anos), os caminhos paralelos de nove homens no centro da Europa (All That Man Is) e a música, Tiananmen e o lastro da Revolução Cultural Chinesa (Do Not Say We Have Nothing).

O júri destaca "o nível de escrutínio" a que os romances candidatos são sujeitos e sublinha que, "ao reler a nossa longlist incrivelmente diversificada e desafiante, foi tanto uma agonia quanto emocionante ser confrontado com o puro poder da escrita" destes autores, cita o Guardian a partir das palavras dos jurados.

Os finalistas do importante prémio literário britânico, que em 2013 anunciou a sua expansão para escritores de todas as nacionalidades (desde que tenham publicado originalmente a sua obra em inglês e que tenham edição no Reino Unido), foram seleccionados a partir de uma longlist de 13 obras – além dos escolhidos para passarem à fase seguinte de análise pelo júri, nela figuravam os norte-americanos Virginia Reeves com Work Like Any Other e a vencedora de um Pulitzer Elizabeth Strout com My Name Is Lucy Barton; do Reino Unido, os escritores pré-seleccionados que agora ficam para trás eram A.L. Kennedy com Serious Sweet, Ian McGuire com The North Water, David Means com Hystopia e Wyl Menmuir com The Many. J.M. Coetzee viu também o seu The Schooldays of Jesus ficar pelo caminho, sendo que representava tanto a Austrália quanto a África do Sul. 

Atribuído anualmente desde 1969, o mais importante galardão literário da língua inglesa até 2013 só premiou escritores britânicos, irlandeses, zimbabweanos ou de países da Commonwealth. Volta, tal como em 2015, a ter apenas dois finalistas britânicos. A mudança do âmbito do Man Booker fez surgir várias críticas quanto à possibilidade de o peso do mercado norte-americano esmagar os restantes candidatos, mas a diversidade que permitiu esse alargamento (ainda) não beneficiou os EUA.

Os vencedores dos últimos dois anos foram o jamaicano Marlon James com A Brief History of Seven Killings, sobre a tentativa de assassínio do músico Bob Marley, no ano passado (e que continua sem edição em Portugal), e em 2014 o australiano Richard Flanagan com A Senda Estreita para o Norte Profundo (Relógio D1’Água). O vencedor de 2016, cujo nome será anunciado a 25 de Outubro em Londres, receberá mais 50 mil libras (cerca de 60 mil euros) e será escolhido por um júri encabeçado pela historiadora, escritora e colunista Amanda Foreman e composto pelos escritores e académicos Jon Day e Abdulrazak Gurnah, pelo poeta e professor David Harsent e pela actriz Olivia Williams.

Já o prémio Man Booker International, que a partir deste ano se tornou anual, distinguiu em 2016 A Vegetariana, da sul-coreana Han Kang – o galardão destina-se a estimular a publicação no mercado de língua inglesa de originais em língua não-inglesa e já teve como finalistas José Eduardo Agualusa e Mia Couto.