Uber China vai ser absorvida pela concorrente local Didi Chuxing
Negócio bilionário gera monopólio nas aplicações de transporte no mercado chinês.
Três dias depois de a China ter legalizado a actividade das novas aplicações tecnológicas de transporte individual, a Uber e a sua concorrente chinesa Didi Chuxing anunciaram um acordo que permite enterrar o machado de guerra entre as duas empresas e abre espaço à criação de um verdadeiro monopólio no mercado chinês.
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Três dias depois de a China ter legalizado a actividade das novas aplicações tecnológicas de transporte individual, a Uber e a sua concorrente chinesa Didi Chuxing anunciaram um acordo que permite enterrar o machado de guerra entre as duas empresas e abre espaço à criação de um verdadeiro monopólio no mercado chinês.
A Didi, que diz ter cerca de 87% de quota de mercado, vai absorver a Uber China que, por sua vez, ficará com 20% do capital da nova empresa. Segundo a Bloomberg, esta nova estrutura ficará a valer perto de 35 mil milhões de dólares (cerca de 31 mil milhões de euros). O acordo implica ainda que a Didi invista mil milhões de dólares (aproximadamente 894 milhões de euros) na empresa norte-americana.
A CNBC, citando um comunicado oficial da Didi, diz que o presidente e fundador da empresa, Cheng Wei, irá integrar o conselho de administração da Uber. Em contrapartida, Travis Kalanick, o presidente executivo da Uber, passará a ter assento na administração da Didi. Esta empresa chinesa, que resultou ela própria da fusão entre duas concorrentes – a Didi e a Kuaidi – tem como investidores duas das principais empresas de Internet chinesas, a Alibaba e a Tencent. Já a Uber China tem com um dos principais investidores o motor de busca Baidu.
Além da nova legislação chinesa ter vindo proibir a oferta de serviços abaixo do preço de custo – eliminando umas das técnicas agressivas que as duas empresas usavam para disputar quota de mercado -, a Didi também saiu reforçada de uma recente ronda de financiamento, em que conseguiu captar cerca de sete mil milhões de dólares (cerca de seis mil milhões de euros).
Destes, mil milhões vieram da norte-americana Apple. A gigante tecnológica liderada por Tim Cook anunciou em Maio que o seu investimento na Didi tem como principal motivação “perceber como funcionam certos segmentos de mercado chinês”.
Por isso, não falta quem veja no negócio anunciado nesta segunda-feira a capitulação da Uber, a quem a guerra de preços travada com a Didi já terá custado cerca de dois mil milhões de dólares (1700 milhões de euros), e que estava sob pressão dos seus investidores para vender as operações na China.
“Como empresário, aprendi que ter sucesso implica ouvir a cabeça, assim como seguir o coração”, disse Kalanick, citado pela Bloomberg. "Não tenho dúvidas que a Uber China e a Didi Chuxing vão ser mais fortes juntas", acrescentou o empresário norte-americano. Num outro comunicado, desta vez citado pelo Wall Street Journal, Kalanick afirma ainda que “operar na China só é possível se houver lucro”, algo que nenhuma das empresas tinha ainda conseguido.