BCP com prejuízos de 197,3 milhões de euros no primeiro semestre

Banco liderado por Nuno Amado com resultado positivo nos testes de stress.

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BCP é liderado por Nuno Amado REUTERS/Rafael Marchant

O BCP registou um prejuízo de 197,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. De acordo com os resultados divulgados nesta sexta-feira, foram itens não habituais que penalizaram as contas do banco, que, sem este efeito extraordinário, teria apresentado lucros de 56,2 milhões.

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O BCP registou um prejuízo de 197,3 milhões de euros no primeiro semestre deste ano. De acordo com os resultados divulgados nesta sexta-feira, foram itens não habituais que penalizaram as contas do banco, que, sem este efeito extraordinário, teria apresentado lucros de 56,2 milhões.

As perdas registadas nos primeiros seis meses de 2016 comparam com os lucros de 240,7 milhões obtidos no mesmo período do ano passado. Já sem os itens não habituais, o valor comparável de 2015 foi negativo em 21,2 milhões.

Destes itens não habituais fazem, por exemplo, parte as imparidades e provisões constituídas ao longo do semestre, que aumentaram de 555,3 para 816,6 milhões. As imparidades de crédito, por exemplo, subiram mais de 33% para 618,7 milhões. E as imparidades para outros activos atingiram 198 milhões, mais do que duplicando face aos valores de 2015 e reflectindo a desvalorização de fundos de reestruturação empresarial.

Na conferência de imprensa sobre os resultados, o presidente do BCP afirmou, citado pela Lusa, que que este "enorme esforço" de constituição de imparidades "será positivo" a longo prazo, inclusivamente na rentabilidade. Nuno Amado não foi muito explícito sobre os motivos que levaram a este reforço, explicando apenas que "tem que ver com o mercado, com a pressão sobre estes temas, também dos reguladores, tem a ver com o tema da Caixa [Geral de Depósitos], é um bloco de razões".

"No BCP temos feito um enorme esforço de recuperação, somos hoje um banco muito mais provisionado, sólido e eficiente", concluiu o mesmo responsável, adiantando ainda que a decisão de constituir este nível elevado de imparidades foi tomada pela administração nos últimos dias.

O resultado core do banco, que agrega a margem financeira e as comissões, subtraindo os custos operacionais, subiu 10,3% para 437,1 milhões e os custos operacionais caíram 3,1%, atingindo 309,8 milhões. Os depósitos caíram 0,7% para 48,8 mil milhões de euros, apesar de um incremento de 3,7% em Portugal, e registou-se uma subida de 5,9% no número de clientes, que são agora mais de 5,3 milhões.

A instituição financeira liderada por Nuno Amado anunciou também que passou nos testes de stress da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) no cenário mais adverso, ao contrário do que sucedeu em 2014, ano em que foram identificadas necessidades de capital no cenário mais adverso. 

No comunicado divulgado pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a instituição financeira explica que ficou com um rácio de solidez de 7,2% no cenário adverso, acima dos 5,5% exigidos, para um período de três anos com cenário económico bastante negativo. O rácio sobe para 8,6% em 2017 e 9,9% este ano.

Na conferência de imprensa sobre os resultados, o presidente do BCP afirmou, citado pela Lusa, que "os resultados comprovam a evolução favorável" da instituição e "confirmam o trabalho muito forte, muito exigente que está a ser conseguido por todos os que estão a colaborar com o banco". 

O BCP tinha agendado a apresentação de resultados para quarta-feira, 27 de Julho, mas adiou a divulgação por dois dias, precisamente para coincidir com o anúncio dos testes de stress realizados pela EBA.

No entanto, os resultados divulgados nesta sexta-feira pela autoridade bancária não incluem instituições financeiras nacionais, mas apenas os 51 maiores bancos da Europa. Os portugueses foram submetidos igualmente a um exame, mas cabe-lhes decidir se divulgam os resultados obtidos.