Austrália investiga denúncias de abusos sexuais feitas contra "ministro" do Vaticano
Televisão ABC noticia que o cardeal George Pell foi alvo de oito denúncias relativas a factos que remontam às décadas de 1970 e 1990. Prelado diz-se vítima de "campanha de difamação".
A polícia australiana está a investigar denúncias de abusos sexuais feitas contra o cardeal australiano George Pell, nomeado pelo Papa Francisco para reformar e tornar mais transparentes as actividades financeiras do Vaticano. Esta é a segunda vez que são lançadas suspeitas sobre a mais alta figura da igreja australiana que, tal como em 2002, diz estar a ser alvo de uma “campanha de difamação”.
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A polícia australiana está a investigar denúncias de abusos sexuais feitas contra o cardeal australiano George Pell, nomeado pelo Papa Francisco para reformar e tornar mais transparentes as actividades financeiras do Vaticano. Esta é a segunda vez que são lançadas suspeitas sobre a mais alta figura da igreja australiana que, tal como em 2002, diz estar a ser alvo de uma “campanha de difamação”.
Terça-feira, a televisão australiana ABC revelou ter tido acesso a oito denúncias feitas contra o actual secretário para a Economia do Vaticano, abrangendo factos alegadamente ocorridos entre as décadas de 1970 e 1990, quando Pell era já arcebispo de Melbourne.
Segundo a estação, as queixas estão a ser avaliadas há mais de um ano por uma unidade especializada na investigação de crimes de abusos do sexuais de menores do estado de Victoria e recentemente foi pedido um parecer ao Ministério Público. O comissário da polícia estadual, contactado pela ABC, limitou-se a confirmar a existência de denúncias e disse estar convicto de que o cardeal Pell se deslocará à Austrália para ser ouvido, “mas até este ponto tal ainda não foi necessário”.
Entre as denúncias estão as feitas por dois homens, actualmente com cerca de 40 anos, que acusam Pell de os ter tocado de forma imprópria numa piscina em Ballarat, durante o Verão de 1978-79, quando ambos andavam na escola primária. O prelado era na altura padre numa paróquia local da cidade.
Outra suspeita foi lançada por um empresário de Torquay, estância balnear de Victoria, testemunhando que no Verão de 1986 viu Pell no vestiário de um clube de surf local, sem roupas, e “comportando-se de uma forma que o deixou preocupado” em frente a três rapazes que não teriam mais de dez anos.
Em comunicado, o gabinete do cardeal no Vaticano adianta que ele “rejeita enfática e inequivocamente quaisquer acusações de abusos sexuais feitas contra ele”, acrescentando que qualquer sugestão em contrário “é totalmente falsa e completamente errada”. Acusa ainda a ABC de fazer parte de uma “escandalosa campanha de difamação”. Não faz, no entanto, qualquer referência às investigações policiais, nem revela se foi contactado pela polícia para responder às acusações.
Pell integra a comissão nomeada pelo Papa Francisco para o aconselhar na reforma na Cúria tendo sido nomeado em 2014 para a liderança do recém-criado “superministério” que tutela todas as actividades financeiras do Vaticano, desde o orçamento anual à supervisão do banco IOR e à fiscalização de todas entidades dependentes. Nomeações que demonstram a confiança do Papa, mas que lhe valeram já um coro de inimigos em vários sectores da Cúria.
Esta não é, porém, a primeira vez que ele é visado por este tipo de denúncias. A ABC recorda que em 2002, um ano depois de ter sido nomeado arcebispo de Sydney, foi acusado por um homem que diz ter sido molestado por ele em 1961, quando tinha apenas 12 anos e Pell era ainda estudante do seminário. O cardeal negou o que disse serem as “mentiras” do queixoso e um inquérito ao caso acabou por exonerá-lo.
Em 2012, depois de vários escândalos envolvendo padres pedófilos que levaram o Governo australiano a criar uma comissão para investigar denúncias de abusos sexuais cometidos em instituições religiosas e associações que lidam com crianças, Pell acusou a imprensa de ter em marcha uma campanha para difamar a Igreja Católica. Em intervenções posteriores, contudo, reconheceu que a Igreja não reagiu com a prontidão que se exigia e pediu desculpas aos que foram vítimas de pedofilia.