Lisboa distingue 63 lojas pela sua história e cria fundo para as apoiar
No primeiro grupo de estabelecimentos classificados há lojas de ginja, uma chapelaria e uma luvaria, gravadores, uma conserveira, uma loja de tecidos e outra de bandeiras e uma casa de velas, entre muitos outros. Os mais velhos têm mais de 200 anos.
Já foram identificadas as primeiras lojas de Lisboa que vão ser classificadas pela câmara como “Lojas com História”, dadas as “suas características únicas” e o seu “reconhecido valor para a identidade da cidade”. As distinguidas são 63, concentram-se na Baixa Pombalina e no Chiado e incluem uma óptica, farmácias, uma espingardaria, uma loja de ferragens, uma florista e um hospital de bonecas, entre vários outros ramos de actividade.
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Já foram identificadas as primeiras lojas de Lisboa que vão ser classificadas pela câmara como “Lojas com História”, dadas as “suas características únicas” e o seu “reconhecido valor para a identidade da cidade”. As distinguidas são 63, concentram-se na Baixa Pombalina e no Chiado e incluem uma óptica, farmácias, uma espingardaria, uma loja de ferragens, uma florista e um hospital de bonecas, entre vários outros ramos de actividade.
Lançado em 2015 pela autarquia, o programa “Lojas com História” pretende “apoiar e promover o comércio tradicional local como marca identitária da cidade de Lisboa”. “Salvaguardar as lojas ainda existentes com características únicas e diferenciadoras da actividade económica e cuja história se confunde com a própria história da cidade” é também uma ambição desta iniciativa camarária.
Depois de em Fevereiro deste ano terem sido aprovados os critérios que os estabelecimentos comerciais da cidade têm que cumprir para serem distinguidos como “Lojas com História”, a câmara avança agora com a classificação de um primeiro grupo de estabelecimentos. Para a sua escolha foi tido em conta, como se lê na proposta que vai ser apreciada, o “interesse cumulativo da actividade” que desenvolvem, bem como a “existência e preservação de elementos patrimoniais materiais, culturais e históricos”.
Em declarações ao PÚBLICO, o vice-presidente da câmara, Duarte Cordeiro, explica que a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (que é parceira do município neste projecto) começou por identificar 100 lojas “com características que vão ao encontro dos critérios aprovados”. Essa lista foi depois analisada pelo grupo de trabalho que reúne representantes da câmara nas áreas da Economia, Urbanismo e Cultura e, por fim, pelo conselho consultivo do programa. Este último integra representantes de associações da capital e personalidades “com forte ligação à cidade, à sua história e ao seu comércio”.
De todo esse processo resultou a escolha de 63 lojas. “Eram as mais inequívocas”, constata Duarte Cordeiro, acrescentando que houve o “cuidado” de escolher estabelecimentos com actividades económicas diversificadas. Quanto à sua localização, verifica-se, como era expectável, uma grande concentração nas freguesias de Santa Maria Maior e da Misericórdia, mas há também lojas dispersas por outros pontos da cidade.
O autarca socialista frisa que este será apenas um primeiro e “excelente” grupo a ser distinguido, não correspondendo ao “total” de “Lojas com História” da cidade. “Em Setembro ou Outubro podemos estar a validar outro grupo”, admite.
A intenção é que daqui para a frente, depois de dado este pontapé de saída, a distinção passe a ser feita na sequência da apresentação de candidaturas à câmara, e a reger-se por um regulamento. A primeira versão desse documento vai ser apreciada na próxima semana e estabelece que as classificações têm uma validade de dois anos (período após o qual poderão ser revalidadas) e que podem ser retiradas caso as lojas “sofram alterações” que representem um “prejuízo dos critérios” que estiveram na base da sua atribuição.
Na mesma reunião camarária vai também ser discutido o Regulamento do Fundo Municipal “Lojas com História”. Com uma dotação anual de 250 mil euros, este fundo destina-se a “comparticipar financeiramente as despesas a realizar” nas lojas classificadas, em três áreas: “arquitectura e restauro”, “cultura” e “economia e comércio”. No documento estipula-se que cada estabelecimento só poderá apresentar uma candidatura em cada ano e que o apoio municipal “pode atingir 80% das despesas elegíveis, até ao montante limite de 25 mil euros”.
“Acho que é muito importante darmos este passo para a preservação da memória e da identidade histórica do comércio da cidade. É muito importante as pessoas sentirem que estão a ser dados passos para a sua sustentação”, avalia Duarte Cordeiro quando questionado sobre a importância do programa “Lojas com História”.
Segundo a câmara, este primeiro grupo de lojas distinguidas tem uma média de 110 anos. Entre elas há duas com mais de dois séculos: o Café Restaurante Martinho da Arcada e a Caza das Vellas Loreto. A mais recente, de acordo com as informações transmitidas ao PÚBLICO, é o Pavilhão Chinês, que tem "cerca de 30 anos". Quanto à sua actividade, "40% das lojas deste grupo são cafés, casas de chá, pastelarias e restaurantes".