Rebeldes tentam quebrar o cerco de Alepo, mas regime não cede terreno
Assad controla a única estrada que os rebeldes podem usar para entrar ou sair dos seus bairros na maior cidade do país.
As facções rebeldes em Alepo tentavam este domingo recuperar a última via de contacto entre os seus bastiões e o exterior da cidade, prestes a ficar totalmente cercada pelas tropas de Bashar al-Assad, um objectivo perseguido desde que Damasco conta com o apoio da Rússia na guerra e que pode estar finalmente a concretizar-se. As batalhas em curso são das mais violentas que se travaram nos últimos meses na guerra. Só na noite de sábado morreram perto de 30 rebeldes de grupos jihadistas numa contra-ofensiva falhada.
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As facções rebeldes em Alepo tentavam este domingo recuperar a última via de contacto entre os seus bastiões e o exterior da cidade, prestes a ficar totalmente cercada pelas tropas de Bashar al-Assad, um objectivo perseguido desde que Damasco conta com o apoio da Rússia na guerra e que pode estar finalmente a concretizar-se. As batalhas em curso são das mais violentas que se travaram nos últimos meses na guerra. Só na noite de sábado morreram perto de 30 rebeldes de grupos jihadistas numa contra-ofensiva falhada.
Tudo se centra na Estrada Castello. Este é o troço que liga as duas extremidades incompletas do cerco aos enclaves rebeldes na maior cidade do país. O regime não controla a estrada, mas na quinta-feira conquistou zonas à sua volta que lhe permitem agora ter uma visão desimpedida sobre toda a sua extensão, o que significa que pode abater sem grande dificuldade qualquer pessoa ou veículo rebelde que lá passe. Se o regime mantiver estas posições, os bairros rebeldes, onde moram cerca de 300 mil pessoas, ficarão completamente cercados.
“Há muito tempo que [o regime] tem atingido a estrada, mas nunca tínhamos visto nada como estes últimos meses”, dizia na quinta-feira à Al-Jazira um jornalista de Alepo, Tamer Osman, explicando que são constantes as barragens de morteiros e rockets disparados contra posições rebeldes, como se comprova pelas dezenas de vídeos publicados nas redes sociais, vindos de ambos os lados do conflito. “Agora ninguém entra ou sai da cidade”, explicava Osman. “Antes era possível passar rapidamente”, diz. “Agora é impossível.”
O regime tem conseguido afastar todas as tentativas de contra-ataque lançadas por grupos rebeldes, sobretudo das poderosas facções jihadistas como a Frente al-Nusra, o satélite sírio da Al-Qaeda. Este domingo surgiam notícias nas redes sociais rebeldes de que facções extremistas estavam em crise por não concordarem sobre o que fazer: abandonar a estrada Castello, resignar-se a um cerco que pode durar anos e concentrar esforços noutros locais; ou reconquistar as posições perdidas pelo regime na última semana.
Na grande cidade síria de Alepo, os civis não têm onde se esconder
Mas todas as tentativas falharam até agora. A última ocorreu na noite de sábado, pelas mãos da Frente al-Nusra e da Ahrar al-Sham, outro grupo fundamentalista. Os rebeldes enviaram dois carros pejados de explosivos para, num ataque suicida, abrirem caminho a um grande grupo de combatentes e veículos blindados. A ofensiva falhou e pelo menos 30 rebeldes morreram, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. “O ataque chegou ao fim e a rua continua fechada”, admitia este domingo o director do Observatório, Rami Abdel Rahmane, citado pela AFP.
O regime conquistou as posições ao largo da Castello durante um período de cessar-fogo que ele próprio propôs para coincidir com os três dias de celebrações do Eid, a semana festiva que se segue ao Ramadão — no último ano usou a mesma estratégia, como noticia a Al-Jazira. Segundo a AFP, os habitantes das zonas residenciais controladas pelos rebeldes temem ser privados de acesso a bens de primeira necessidade agora que Castello está fechada, visto que já lhes era até agora difícil chegar a determinado tipo de alimentos e cuidados médicos.
Mas as zonas residenciais controladas pelo regime sofrem também com os combates violentos em Alepo. De acordo com os meios de comunicação estatais sírios, morreram pelo menos 44 civis devido a morteiros disparados pelos rebeldes — o Observatório afirma que foram 38, entre eles 14 crianças e 13 mulheres.