Cameron anuncia votação para a renovação dos submarinos nucleares Trident
Primeiro-ministro britânico quis dar garantias de que está comprometido com a Defesa mesmo em tempo de "Brexit". Votação dia 18 pode contribuir para desagregação dos trabalhistas.
David Cameron disse que o Parlamento britânico votará a 18 de Julho sobre a renovação do sistema de dissuasão nuclear Trident, assente em quatro submarinos nucleares. O anúncio foi feito na cimeira da NATO em Varsóvia, num gesto destinado a demonstrar o compromisso europeu com a segurança europeia, mesmo em tempos de “Brexit”.
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David Cameron disse que o Parlamento britânico votará a 18 de Julho sobre a renovação do sistema de dissuasão nuclear Trident, assente em quatro submarinos nucleares. O anúncio foi feito na cimeira da NATO em Varsóvia, num gesto destinado a demonstrar o compromisso europeu com a segurança europeia, mesmo em tempos de “Brexit”.
“A dissuasão nuclear continua a ser em minha opinião essencial, não apenas para a segurança do Reino Unido, mas como os nossos aliados aqui reconheceram, para a segurança global da NATO”, afirmou o primeiro-ministro demissionário na capital polaca. Desta forma, acede também ao apelo de urgência no processo do Trident feito por Theresa May, a ministra do Interior e candidata à sua sucessão como líder do partido e primeira-ministra britânica, numa entrevista publicada no Daily Telegraph no início da semana.
A actual geração dos quatro submarinos nucleares começará a chegar ao fim da sua vida útil no final da década de 2020. Mas o desenvolvimento dos novos submarinos pode demorar até 17 anos, por isso a encomenda dos seus substitutos não pode demorar, explica a BBC. Em 2007, o Parlamento apoiou o projecto de renovar o sistema mas ainda não há uma decisão final. Em 2010, o Governo decidiu adiar a decisão sobre como proceder e quantos submarinos encomendar até 2016.
Os conservadores sempre disseram que o Reino Unido tem de manter as suas armas nucleares, designando-as como “um seguro”. Os trabalhistas também apoiavam a renovação dos submarinos e dos seus mísseis nucleares, mas Jeremy Corbyn, o líder do partido desde o ano passado, é um opositor de longa dada às armas nucleares. No entanto, o Labour estava a fazer uma revisão da polícia de defesa, mantendo em aberto a possibilidade de o Reino Unido manter o sistema Trident.
Mas os trabalhistas podem dividir-se no Parlamento, ao realizar a votação sobre a substituição do Trident em plena crise de liderança – Angela Eagle acaba de anunciar este sábado que vai contestar formalmente a liderança de Corbyn na segunda-feira, depois de terem falhado as negociações internas para se tentar chegar a um compromisso.
O Partido Nacional Escocês também se opõe à renovação, descrevendo o Trident como “impossível de usar e indefensável”. Os planos de renovação “são ridículos tanto em termos de defesa como financeiros”, defendem os escoceses. O Governo britânico estima que os custos oscilem entre 15 mil milhões e 20 milhões de libras (17,6 e 23,4 mil milhões de euros), enquanto a organização ambientalista Greenpeace cita números próximos dos 40 mil milhões de euros. Corbyn fala em cerca de 100 mil milhões de libras (117 mil milhões de euros).