Assim que pôs o pé em território madeirense, Marcelo prometeu lá voltar, como já havia prometido em Janeiro, durante a campanha /1736756. Em Paris, disse que é seu desejo celebrar mais vezes o 10 de Junho com a emigração. De visita ao Hospital de Santa Maria confessou que, uma vez fora de Belém, vai dedicar-se ao voluntariado. Logo na declaração de candidatura, em Outubro, a partir Celorico de Basto, prometeu abdicar das regalias de ex-chefe de Estado quando se despedir da Presidência.

Assim que pôs o pé em território madeirense, Marcelo prometeu lá voltar, como já havia prometido em Janeiro, durante a campanha /1736756. Em Paris, disse que é seu desejo celebrar mais vezes o 10 de Junho com a emigração. De visita ao Hospital de Santa Maria confessou que, uma vez fora de Belém, vai dedicar-se ao voluntariado. Logo na declaração de candidatura, em Outubro, a partir Celorico de Basto, prometeu abdicar das regalias de ex-chefe de Estado quando se despedir da Presidência.

Algumas destas promessas foram feitas em privado e estão apenas na cabeça do Presidente. Um dos seus colaboradores explica ao PÚBLICO que desconhece a existência de caderninhos e blocos de nota onde Marcelo aponte as promessas. “É a memória dele”, explica. Outras, porém, foram registadas pelas câmaras de televisão e pelos jornalistas. Como a que Marcelo fez à Dona Glória, do Barreiro, com quem se comprometeu, ainda em fase pré-eleitoral, a ir beber um bagaço caso ganhasse as presidenciais. Levou-lhe uma garrafa no último dia de Fevereiro. Ainda não tinha sido empossado (só viria a sê-lo a 9 de Março) e já estava a cumprir promessas.

Em Longroiva, no nordeste do país, o então candidato disse que lá voltaria para inaugurar um hotel e já marcou na agenda: 6 de Julho. Será esse o último dia de uma viagem pelas terras de Trás-os-Montes e Alto Douro, a que o Presidente da República dá início esta segunda-feira, 4 de Julho, o dia em que, há 79 anos, pelas 10h20, Salazar sofreu um atentado à bomba, na avenida Barbosa du Bocage, em Lisboa. A caminho da igreja. Eram domingo. Consta que o ditador limpou o pó da roupa e disse: "Vamos assistir à missa".

Mas voltemos a Trás-os-Montes porque a viagem que aqui se antecipa nada tem a ver com Salazar e nem sequer calha a um domingo. Marcelo começa o Portugal Próximo transmontano, centrado nas questões da interioridade, da inovação e da dinamização económica do interior, em Santa Marta de Penaguião, distrito de Vila Real.

Nessa vila, onde só vivem 1300 pessoas, o Presidente visitará uma das quatro escolas primárias do tempo do Estado Novo (afinal sempre há qualquer coisa relacionada com Salazar) que hoje são casas de família. Na da aldeia do Concieiro vivem três famílias – onze pessoas no total. O patriarca de uma delas foi aluno da escola onde agora vive desde Maio.

De Santa Marta, Marcelo segue para o Centro de Excelência da Vinha e do Vinho, em Vila Real, onde participará num almoço com enólogos e investigadores que se dedicam a um projecto académico inovador de conciliação dos vinhos com a gastronomia. No fundo, é um grupo que tenta transformar a ideia empírica de que alguns vinhos funcionam melhor com certas comidas numa máxima com valor científico.

Mais ou menos 25 kms ao lado, em Sabrosa, Marcelo inaugurará o espaço Miguel Torga, instalado num edifício do arquitecto Souto Moura. Aí, será apresentado ao Mátria, um projeto musical com libreto de Eduarda Freitas e música do compositor Fernando Lapa. O Mátria tem como objetivo a construção de uma ópera baseada na obra de Torga, em especial nos Contos e nos Novos Contos da Montanha. Marcelo – e o ministro da Cultura, que se lhe juntará – não ouvirá a ópera, mas sim uma música tradicional com letra do mesmo escritor.

Mais acima, em Boticas, o Presidente visita um Lar de Grandes Dependentes e tem o primeiro contacto com o povo, antes de seguir para Chaves, onde terá honras militares na avenida em frente ao Regimento de Infantaria nº 19. Com o Chefe de Estado Maior do Exército ao seu lado, entra depois no quartel, passa pela cantina e fala (e deixa-se fotografar) com os militares.

O dia termina em festa, uma daquelas festas estilo “noite aberta dos museus” em que depois da inauguração do museu – neste caso o Nadir Afonso – o povo é convidado a circular, assistir a concertos, ver as obras de arte e, ainda, cumprimentar o Presidente da República.

O segundo dia deste Portugal Próximo tem passagens por Bragança (quartel de bombeiros, Museu do Abade de Baçal e Centro de Investigação de Montanha), Vila Flor (empresa SousaCamp, o maior produtor europeu de cogumelos frescos), Alfândega da Fé (a autarquia que está em primeiro lugar no índice de transparência autárquica) e Freixo de Espada à Cinta (jantar com 250 associados da cooperativa local).

A viagem por terras transmontanas termina no dia 6, na zona do Pocinho. Depois de cumprir a promessa eleitoral de inaugurar o Hotel da Longroiva, onde dormiu em campanha, Marcelo segue para aquela zona onde vai “cortar outra fita”, a do Centro de Alto Rendimento de Remo e Canoagem do Pocinho. Ali, num cais junto ao rio Douro, o Presidente da República entrará num barco da Câmara de Foz Côa (onde há-de-voltar noutra ocasião) e fará um balanço da visita. Com petiscos a bordo. E jornalistas.