Roma faz história com primeira mulher a governar a cidade

A candidata derrotou o partido do primeiro-ministro com uma vitória de 67,2% dos votos. O partido fundado pelo humorista Beppe Grillo conquistou ainda a cidade de Turim.

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A advogada diz que este é um momento de viragem política para a cidade FILIPPO MONTEFORTE/AFP

Virginia Raggi fez história este domingo ao vencer a segunda ronda das eleições municipais em Roma, Itália, em pelo Movimento 5 Estrelas, tornando-se na primeira mulher a governar a capital italiana. Com 67,2% dos votos, os resultados confirmaram as sondagens à boca das urnas e afastaram do poder o Partido Democrático (PD) do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que não conseguiu mais de 32,9% de eleitores, escreve o jornal italiano La Repubblica.

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Virginia Raggi fez história este domingo ao vencer a segunda ronda das eleições municipais em Roma, Itália, em pelo Movimento 5 Estrelas, tornando-se na primeira mulher a governar a capital italiana. Com 67,2% dos votos, os resultados confirmaram as sondagens à boca das urnas e afastaram do poder o Partido Democrático (PD) do primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que não conseguiu mais de 32,9% de eleitores, escreve o jornal italiano La Repubblica.

Para a candidata vitoriosa, este é o início de “uma nova era”, cita a mesma publicação. “Iremos trabalhar para trazer legalidade e transparência às instituições da cidade”, afirma a nova presidente da autarquia de Roma. "Quero colocar um ponto final nos ataques que as restantes forças políticas me fizeram durante a campanha. Serei presidente de todos os romanos, mesmo daqueles que não votaram em mim", garantiu. "Vem aí um novo começo e estou certa de que todas as forças políticas terão o bom senso de abrir caminho ao diálogo acerca de problemas e soluções, recolocando no centro quem deve lá estar – os cidadãos".

A advogada, de 37 anos, especialista em direitos de autor e novas tecnologias, foi escolhida pelos apoiantes do M5S numas primárias online. Apesar da sua escassa experiência política, Raggi beneficiou da rejeição italiana aos anteriores governos da cidade. Roma está sem autarca desde Outubro de 2015, quando Ignazio Marino do Partido Democrático se demitiu depois de ter sido confrontado com acusações de uso indevido de fundos públicos. Marino, que em 2014 tinha ajudado a revelar um escândalo de corrupção – conhecido como "Mafia Capitale" –, foi acusado de não estar à altura do cargo.

Mas Raggi não foi a única vencedora da noite: também no município de Turim o Movimento 5 Estrelas derrotou o Partido Democrático. Com uma vitória mais modesta do que Raggi, Chiara Appendino conquistou cerca de 54,7% dos votos. A deputada do M5S bateu o presidente de câmara da cidade, Peiro Fassino, que perdeu os dez pontos percentuais de avanço nos resultados da primeira volta.

Bolonha era a única cidade em que as previsões apontavam como a mais garantida para o Partido Democrático e confirmou-se como o município onde este conquistou mais votos nesta segunda ronda de municipais. O centro-esquerda prevaleceu com quase mais 10% dos votos em relação à rival Lucia Borgonzoni. Também em Milão os italianos renovaram a sua confiança no partido de Matteo Renzi. Ainda que com pouca margem, o deputado do centro-esquerda Beppe Sala conseguiu a maioria, com 51,7% contra Stefano Parisi, candidato do centro-direita.

Em Nápoles, a vitória coube a Luigi de Magistris, do Movimento Laranja, com 66,9%. Já em Triste, os resultados foram festejados por Roberto DiPiazza, do centro-direita, que venceu com 52,6%.

Os resultados do partido Movimento 5 Estrelas (M5S), fundado pelo humorista Beppe Grillo, demonstram a sua consolidação nos últimos dois anos enquanto maior partido da oposição ao centro-esquerda italiano.

A vitória na capital representa um grande desafio para o partido, uma vez que a cidade tem uma dívida duas vezes superior ao seu orçamento anual. Com um buraco de 13 mil milhões de euros, Roma assiste ainda ao desenvolvimento do julgamento do caso Mafia Capitale e de Virginia Raggi espera-se agora que organize a cidade e coloque os serviços públicos a funcionar devidamente.

"O resultado está acima de todas as expectativas", concluiu Raggi. "Será duro, sabemos como é Roma. Mas é mais difícil e por isso será mais apreciável."