Trump antecipa problemas com Cameron e avisa novo mayor de Londres
Numa entrevista ao canal britânico ITV, o magnata reagiu às críticas do primeiro-ministro e disse que não se vai esquecer das críticas do novo presidente da câmara de Londres. Sobre o "Brexit", Trump tem uma pergunta: "Para que é que precisam da União Europeia?"
O provável candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais nos EUA, Donald Trump, reagiu às críticas do chefe do governo britânico e do novo presidente da câmara de Londres sobre as suas propostas contra os muçulmanos, antecipando um problema nas relações com o primeiro e desafiando o segundo para um teste de avaliação de inteligência.
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O provável candidato do Partido Republicano às eleições presidenciais nos EUA, Donald Trump, reagiu às críticas do chefe do governo britânico e do novo presidente da câmara de Londres sobre as suas propostas contra os muçulmanos, antecipando um problema nas relações com o primeiro e desafiando o segundo para um teste de avaliação de inteligência.
Numa entrevista gravada para o programa Good Morning Britain, da estação britânica ITV, Donald Trump foi questionado pelo seu amigo e apoiante Piers Morgan sobre as declarações mais polémicas enquanto candidato à nomeação pelo Partido Republicano – principalmente a proposta de impedir temporariamente a entrada de todos os muçulmanos nos EUA.
"Em primeiro lugar, não sou Presidente. Tudo o que eu faço é sugerir coisas", começou por dizer Trump, relativizando a declaração que fez em Dezembro do ano passado, cinco dias após os ataques do casal Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik em San Bernardino, no estado da Califórnia, que fez 14 mortos e 24 feridos – "Donald J. Trump apela à proibição total e completa da entrada de muçulmanos nos EUA até que os representantes do nosso país consigam perceber o que se está a passar."
"Temos um grande problema com o terrorismo radical islâmico", disse Donald Trump na entrevista à ITV, transmitida esta segunda-feira. "O mundo está a rebentar por todos os lados, e os responsáveis por isso não são as pessoas da Suécia", afirmou o provável candidato do Partido Republicano à Casa Branca, antes de dizer que tem "muitos amigos muçulmanos".
Piers Morgan – que manifestou o seu apoio ao magnata norte-americano em inúmeras ocasiões – deu uma oportunidade a Donald Trump para explicar melhor a sua posição sobre os muçulmanos: "Você não é antimuçulmano, certo? Como se descreveria?"
"Eu sou antiterrorismo. Passa-se algo que não é bom", respondeu Trump. "As pessoas podem fingir que não se passa nada, mas olhem para Londres, olhem para certas zonas de algumas cidades europeias e do resto do mundo. É um desastre, e a polícia não quer enfrentar o problema."
Críticas de Sadiq Khan ficam registadas
Numa entrevista mais virada para o futuro das relações entre os EUA e o Reino Unido no caso de Donald Trump ser eleito Presidente, as duas personalidades mais discutidas foram o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o novo presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan.
Donald Trump foi confrontado com a reacção de David Cameron à sua proposta de proibição de entrada de todos os muçulmanos nos EUA – uma semana depois dessa declaração, em Dezembro do ano passado, o primeiro-ministro britânico disse que as observações de Trump eram "divisivas, estúpidas e erradas", e acrescentou que se o magnata visitasse o Reino Unido iria muito provavelmente unir todos os britânicos contra ele.
"Parece que não vamos ter uma relação muito boa. Quem sabe? Espero ter uma boa relação com ele, mas penso que ele também não quer enfrentar o problema", respondeu Trump.
Questionado sobre se gostaria que Cameron se retractasse, em particular das acusações de que o magnata "é estúpido, divisivo e está errado" nas posições em relação aos muçulmanos, Donald Trump respondeu como se essa acusação tivesse sido feita à sua personalidade: "Em primeiro lugar, não sou estúpido, digo-lhe já isso. Sou precisamente o contrário. Em segundo lugar, acho que não sou divisivo, sou um unificador, ao contrário do nosso actual Presidente."
O entrevistador confrontou então Donald Trump com a indignação "de muitos muçulmanos decentes e que cumprem as leis", e perguntou-lhe o que lhes poderia dizer. "Eles têm de os denunciar [aos extremistas]. As pessoas têm de trabalhar com a polícia, têm de os entregar e não estão a fazê-lo. Têm de colaborar. Se não colaborarem, isto nunca se vai resolver."
Trump respondeu também ao novo presidente da câmara de Londres, o muçulmano Sadiq Khan, que disse que o magnata tem "pontos de vista ignorantes sobre o islão" e denunciou o que considera ser a sua "abertura ao extremismo".
"Vamos fazer um teste de QI", respondeu Trump na entrevista à ITV, perante os risos de Piers Morgan, interpretando mais uma vez a acusação de ignorância como se tivesse sido feita em relação à sua personalidade.
"Quando ele ganhou dei-lhe os parabéns, mas agora já não quero saber dele para nada. Vamos ver como é que ele se sai, vamos ver se será um bom presidente de câmara. Ele não me conhece, nunca falou comigo, não sabe quem eu sou. São declarações muito rudes. Diga-lhe que não me vou esquecer dessas declarações", respondeu Trump.
A conversa entre o provável candidato do Partido Republicano à Casa Branca e o entrevistador britânico passou também pelo tema do referendo sobre a permanência ou saída do Reino Unido da União Europeia – o "Brexit" –, com Trump a dizer que o país não ficaria pior fora do bloco europeu.
"Não tenho uma preferência pessoal. Tenho grandes investimentos no Reino Unido. Mas se fosse britânico, provavelmente não quereria permanecer, quereria regressar a outro sistema. A União Europeia é muito burocrática. Pergunto ao Reino Unido: para que é que precisam da União Europeia?"