O miúdo da Musgueira é o mais caro de sempre a sair para o estrangeiro

A carreira de Renato Sanches dá mais um salto gigante que vai torná-lo no primeiro português a representar o Bayern. Após 34 jogos na equipa principal do Benfica, sairá no fim da época por 35 milhões

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Renato Sanches teve uma ascensão meteórica no Benfica, nesta época Francisco Leong/AFP

Um mês depois de ter afastado o Benfica nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o Bayern Munique tornou oficial a contratação da coqueluche da equipa “encarnada”. O duplo confronto na principal competição europeia não será alheio à transferência de Renato Sanches para os tetracampeões da Alemanha – o médio muda-se para o emblema bávaro, na próxima temporada, a troco de 35 milhões de euros, assinando um contrato válido até 2021. Um salto gigante para um jovem futebolista que iniciou a temporada na equipa B mas que, em poucos meses, conquistou o seu espaço na formação principal, estreou-se na Liga dos Campeões e chegou à selecção.

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Um mês depois de ter afastado o Benfica nos quartos-de-final da Liga dos Campeões, o Bayern Munique tornou oficial a contratação da coqueluche da equipa “encarnada”. O duplo confronto na principal competição europeia não será alheio à transferência de Renato Sanches para os tetracampeões da Alemanha – o médio muda-se para o emblema bávaro, na próxima temporada, a troco de 35 milhões de euros, assinando um contrato válido até 2021. Um salto gigante para um jovem futebolista que iniciou a temporada na equipa B mas que, em poucos meses, conquistou o seu espaço na formação principal, estreou-se na Liga dos Campeões e chegou à selecção.

Renato Sanches vai tornar-se no primeiro futebolista português a representar o Bayern Munique, onde será orientado pelo italiano Carlo Ancelotti – eleito para suceder a Pep Guardiola, que em 2016-17 vai mudar-se para o Manchester City. “O Renato Sanches tem estado a ser observado há muito tempo pelo Bayern. Temos a sorte de o ter contratado, apesar da concorrência internacional. O Renato é um médio dinâmico, combativo e tecnicamente talentoso, que vai reforçar ainda mais a nossa equipa”, sublinhou o presidente do emblema bávaro, Karl-Heinz Rummenigge, citado pelo site oficial do clube.

Foram precisos três meses para Renato Sanches chamar a atenção de Rui Vitória e ser incluído numa convocatória da equipa principal. O miúdo de 18 anos estreou-se com a camisola do Benfica na nona jornada, na visita ao Tondela, tendo sido suplente utilizado. Passado um mês era titular pela primeira vez, e logo na Liga dos Campeões, diante do Astana. Mais uma semana e meia e o golo inaugural pelos “encarnados”: um grande pontapé, de muito longe, a estabelecer o 3-0 final na recepção à Académica e a colocar o menino das tranças na ribalta com estrondo. As boas exibições sucederam-se, e em Março foi Fernando Santos a dar-se por convencido, proporcionando a Renato a estreia pela selecção.

Ter chegado à equipa nacional sem passar pelos sub-21 é um indicador numa carreira feita a queimar etapas. Ainda no primeiro ano de júnior, Renato Sanches já era titular na equipa B do Benfica, pela qual se estreou em Outubro de 2014. O primeiro golo pela equipa principal, em Dezembro, fez do médio o mais jovem marcador dos “encarnados” no século XXI. “Marcar foi um momento inesquecível. Nem sabia o que fazer. Nunca pensei que pudesse estar aqui aos 18 anos. Ainda tenho que crescer muito, só tenho 18 anos, mas com o tempo e com a experiência dos meus colegas, vou melhorando”, admitia após a partida contra a Académica.

Esse primeiro golo pelo Benfica não fez com que Renato Sanches ficasse deslumbrado, como também não ficou quando os “encarnados” fizeram o primeiro convite para jogar pelo clube. O jovem médio cresceu no bairro da Quinta Grande, na Musgueira, arredores de Lisboa, e deu os primeiros passos no futebol ao serviço do Águias da Musgueira. Mas, após ter ido treinar-se ao Seixal e convencido os responsáveis da formação do Benfica, não estava inclinado a aceitar porque era longe do bairro a que sempre chamou casa.

“Ele era malandreco. Tive de o segurar várias vezes, pois queria deixar de jogar à bola. Mas consegui sempre mantê-lo no caminho”, confessava o presidente do Águias da Musgueira, António Quadros, em declarações à Renascença, em Novembro. “Estou muito satisfeito, e admirado até, com a progressão que ele teve. Não só futebolisticamente, mas também disciplinarmente, o Renato está totalmente modificado. Acredito que pode chegar longe, porque é um miúdo que gosta de trabalhar e que luta pelo que gosta. Ganhou uma atitude diferente desde que foi para o Benfica”, acrescentava o mesmo responsável, mostrando-se orgulhoso por ter descoberto a “pérola”.

A “pérola” que o Benfica foi buscar ao Águias da Musgueira em 2008, a troco de 25 bolas de futebol, precisou de 34 jogos (entre campeonato, Liga dos Campeões e Taça da Liga) pelos “encarnados” para convencer o Bayern Munique a desembolsar 35 milhões de euros. Um negócio que, segundo o emblema da Luz, prevê ainda “valores adicionais num montante global de 45 milhões”, em função de objectivos: “[Haverá] pagamentos de bónus se, por exemplo, for nomeado para a equipa mundial do ano ou para a Bola de Ouro”, explicou o vice-presidente do Bayern Jan-Christian Dreesen.

Os 35 milhões que entram para já nos cofres da Luz significam que Renato Sanches é o futebolista nacional mais caro de sempre a sair de Portugal para o estrangeiro. E que o “filão” do Seixal continua a ser explorado após outros negócios recentes como Bernardo Silva (15,7 milhões), João Cancelo (15), André Gomes (15) ou Ivan Cavaleiro (15). Mas a verba obtida com Renato Sanches não será obrigatoriamente utilizada para reduzir a dívida: “O Benfica está a cumprir o programa previsto de reembolsos de empréstimos. A receita da venda do Renato Sanches não tem assim de ser usada para reduzir dívida adicional, pode ser usada para investimentos, incluindo em reforços. Mas o plano de investimentos não está ainda decidido”, sublinhou ao Expresso Domingo Soares de Oliveira, administrador da SAD do Benfica.