“Chamo-me Sadiq Khan e sou o mayor de Londres”

Novo autarca, muçulmano e filho de imigrantes paquistaneses, tomou posse depois de uma vitória "da esperança em vez do medo".

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A tomada de posse de Sadiq Khan na catedral de Southwark Yui Mok/Pool/AFP

"Chamo-me Sadiq Khan e sou o mayor de Londres”. Foi assim que o primeiro muçulmano a ser eleito presidente de uma grande capital europeia começou o seu discurso de tomada de posse, este sábado. Escolheu a catedral de Southwark para a ocasião, por estar “no coração da cidade” e representar todas as comunidades, de todas as proveniências. E prometeu ser o presidente de todos os londrinos.

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"Chamo-me Sadiq Khan e sou o mayor de Londres”. Foi assim que o primeiro muçulmano a ser eleito presidente de uma grande capital europeia começou o seu discurso de tomada de posse, este sábado. Escolheu a catedral de Southwark para a ocasião, por estar “no coração da cidade” e representar todas as comunidades, de todas as proveniências. E prometeu ser o presidente de todos os londrinos.

“Nunca sonhei que poderia ser mayor de Londres”, admitiu o agora ex-deputado trabalhista, de 45 anos, filho de imigrantes paquistaneses. “Se estou aqui hoje é por causa das oportunidades que esta cidade me deu, a mim e à minha família… E a minha forte ambição para a nossa cidade, aquela que me irá guiar, é garantir que todos os londrinos terão as oportunidades que a nossa cidade me ofereceu”.

Horas antes, depois do anúncio oficial dos resultados, Khan dirigiu-se aos seus apoiantes e dedicou as suas primeiras palavras ao pai, Amanullah Khan, um condutor de autocarros, que deixou o Paquistão para dar um futuro melhor aos filhos. “Hoje pensei muito no meu falecido pai”, afirmou. “Foi um homem maravilhoso e um grande pai. Estaria muito orgulhoso – orgulhoso por a cidade que escolheu como sua ter eleito um dos seus filhos como mayor.” Depois, entre aplausos: “Esta eleição não passou sem polémica, e eu estou feliz por ver que Londres escolheu hoje a esperança em vez do medo, a união em vez da divisão”.

Durante a campanha, Khan foi alvo de acusações de proximidade com extremistas islâmicos por parte do seu rival conservador, Zac Goldsmith, e do próprio primeiro-ministro, David Cameron.

Numa entrevista à Sky News, criticou os efeitos destas acusações na comunidade, e disse ter esperança de que a sua vitória possa levar mais muçulmanos a entrar na política. “Passei a minha vida toda a lutar contra o extremismo e o radicalismo, a encorajar as minorias a envolverem-se na política mainstream e na sociedade civil, e consegui fazer isso. Mas nas últimas semanas tive dezenas e dezenas e dezenas de pais, tios, avós a dizerem-me: ‘Sabe que mais, o meu filho, ou filha, ou sobrinho estava a pensar em ir para a política, mas depois de ver o que lhe aconteceu estamos a aconselhar a não o fazer’. Espero que o resultado [da eleição] de quinta-feira encoraje os jovens a envolverem-se, encoraje os londrinos que professam a fé islâmica e outras comunidades minoritárias, encoraje os muçulmanos britânicos e outros a envolverem-se na sociedade civil e a envolverem-se na política mainstream”.

Sadiq Khan obteve o melhor resultado pessoal na história da política britânica, salienta o Guardian. Contadas as segundas preferências (os eleitores podiam escolher dois candidatos, indicando a primeira e a segunda preferência), os resultados oficiais anunciados durante a noite de sexta-feira para sábado dão conta que Khan teve 57% dos votos, contra 43% de Goldsmith.

“É uma vitória fantástica que envia uma mensagem ao mundo inteiro sobre que tipo de sítio é Londres”, afirmou Ed Milliband, antigo líder do Labour, de quem Khan foi um dos homens fortes. “Obviamente que é um momento histórico ter o primeiro mayor muçulmano mas a vitória vai além disso”, cita o Guardian.

Khan sucede ao conservador Boris Johnson, um possível sucessor de David Cameron na liderança dos tories.