Festival de Cannes abre em tom de Cafe Society com Woody Allen
É a terceira participação do realizador na abertura do festival, a 11 de Maio.
Cafe Society, de Woody Allen, com Kristen Stewart e Jesse Eisenberg, foi escolhido pelos seleccionadores da 69.ª edição de Cannes para abrir o festival – será a 11 de Maio, em estreia mundial, fora de competição (é a 14.ª participação de Woody Allen em Cannes fora de concurso, iniciada em 1979 com o glorioso Manhattan). O filme será lançado nesse mesmo dia nas salas francesas.
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Cafe Society, de Woody Allen, com Kristen Stewart e Jesse Eisenberg, foi escolhido pelos seleccionadores da 69.ª edição de Cannes para abrir o festival – será a 11 de Maio, em estreia mundial, fora de competição (é a 14.ª participação de Woody Allen em Cannes fora de concurso, iniciada em 1979 com o glorioso Manhattan). O filme será lançado nesse mesmo dia nas salas francesas.
Pode parecer uma surpresa este anúncio, por falta de supresa, precisamente. Mas a verdade é que Allen é ainda big em França, país onde o afecto cinéfilo pelo realizador de Manhattan goza de fulgor, não tendo sido excessivamente danificado (como escrevia a Variety, Homem Irracional fez em França 6,3 milhões de dólares, o melhor resultado internacional do filme). O cast inclui Steve Carell, Parker Posey, Blake Lively, Corey Stoll, Jeannie Berlin e Ken Stott. Segundo comunicado do festival, Cafe Society, que tem Vittorio Storaro na fotografia e foi filmado em Los Angeles e Nova Iorque, conta "a história de um jovem que chega a Hollywood nos anos 1930 na esperança de trabalhar na indústria cinematográfica, apaixona-se, e acaba levado pelo turbilhão da vida social que definiu o espírito de uma era".
É a terceira vez que Cannes escolhe o prolífico Allen (praticamente um filme por ano nas últimas quatro décadas) para abrir, depois de Hollywood Ending (2002) e Meia-Noite em Paris (2011) – este considerado um das mais bem-sucedidas subidas da cortina em Cannes –, se não se contar com Histórias de Nova Iorque (1989), que era um filme colectivo, realizado por Allen, Francis Coppola e Martin Scorsese. Eis talvez a explicação para este regresso ao cineasta: em 2015, a organização tentou um filme de abertura que não se parecesse com um filme de abertura, La Tête Haute, de Emmanuelle Bercot, que teve recepção bastante mitigada, ou seja, nem serviu o espectáculo puro e duro nem tinha a consistência e a resistência do filme "de autor". Desta vez, território (re)conhecido.
E, assim, Woody Allen destaca-se do grupo de cineastas a que até aqui pertencia, os que tinham aberto por duas vezes Cannes: William Wyler com Ben-Hur e The Collector; Ridley Scott com The Duellists (talvez o seu melhor filme, juntamente com O Oitavo Passageiro) e Robin Hood; Luc Besson com Vertigem Azul e O Quinto Elemento; e Baz Luhrmann com Moulin Rouge e O Grande Gatsby.
A 69.ª edição do Festival de Cannes desenrola-se entre 11 e 22 de Maio; o júri é presidido por George Miller. A selecção oficial será anunciada no dia 11 de Abril, esperando-se que o tom de cafe society seja diluído e o festival se aventure para além do conforto.
Um dos filmes de que se falava para a abertura era Money Monster, de Jodie Foster. E à beira do anúncio em Paris da selecção oficial, o cinema está cheio de gossip e whisful thinking. Até porque é certo e sabido que Thierry Fremaux, o director artístico, gosta de deixar propostas em suspenso, para fazer acontecimento no último minuto – isto é, já depois do anúncio oficial.
A Variety, por exemplo, diz que serão concorrentes para a Palma de Ouro o novo de Paul Verhoeven (Elle, com Isabelle Huppert), o que tornará impossível a exibição do filme no ciclo que o IndieLisboa organiza; Sean Penn (The Last Face), Pedro Almodóvar (Julieta), Xavier Dolan (It’s Only the End of the World), Asghar Farhadi ou o novo de Jean-Pierre e Luc Dardenne (The Unknown Girl), cineastas que já ganharam por duas vezes.
Como em 2015 Frémaux e equipa foram censurados pela selecção dos franceses – fazendo com que a rival Quinzena dos Realizadores ficasse com dois sucessos de estima como Três Recordações da Minha Juventude, de Arnaud Desplechin, e A Sombra das Mulheres, de Philippe Garrel –, este ano não abdicarão de Ma Loute, de Bruno Dumont (com Valeria Bruni-Tedeschi, Juliette Binoche e Fabrice Luchini), Rester Vertical, de Alain Guiraudie, ou Paris Is Happening, de Bertrand Bonello – veja-se o “tópico”: jovens rebeldes põem bombas e planeiam actividades terroristas.
Nomes ainda atirados à parede: os romenos Cristi Puiu e Christian Mungiu, ainda Nicolas Winding Refn, que já subiu às estrelas e já foi atirado às feras em Cannes, ou o americano de origem brasileira, Antonio Campos (com Christine).