Grupo dissidente do PKK reivindica atentado em Ancara

TAK já tinha reconhecido autoria de um outro ataque contra civis em Fevereiro. Alemanha fecha embaixada, consulado-geral e duas escolas alemãs na Turquia.

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O local do atentado, que matou 35 pessoas EROL UCEM/AFP

O grupo armado curdo Falcões da Libertação do Curdistão (TAK) reivindicou o atentado que no domingo matou 37 pessoas em Ancara. “Na noite do dia 13 Março, foi realizado um ataque suicida (…) nas ruas da capital da República Turca fascista. Nós reivindicamos esse ataque”, lê-se na declaração divulgada no site do grupo. O mesmo grupo também já tinha reivindicado o atentado junto ao Parlamento turco em Fevereiro, que fez 29 mortos.

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O grupo armado curdo Falcões da Libertação do Curdistão (TAK) reivindicou o atentado que no domingo matou 37 pessoas em Ancara. “Na noite do dia 13 Março, foi realizado um ataque suicida (…) nas ruas da capital da República Turca fascista. Nós reivindicamos esse ataque”, lê-se na declaração divulgada no site do grupo. O mesmo grupo também já tinha reivindicado o atentado junto ao Parlamento turco em Fevereiro, que fez 29 mortos.

O Governo turco apressou-se a responsabilizar o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), pelo ataque e, em retaliação, atacou as bases que o grupo mantém nas montanhas do Norte do Iraque. Contudo, só agora a acção foi oficialmente reivindicada, mas não directamente pelo PKK, como Ancara supunha.

O TAK é uma facção dissidente do PKK, criada em 2004, que se opôs às tréguas e às negociações tentadas na última década entre Erdogan e Abdullah Öcalan, o líder histórico do grupo curdo, preso desde 1999. Ao contrário do PKK, que privilegia alvos militares, os dissidentes tornaram-se conhecidos por ataques contra civis, incluindo em locais turísticos do país. A formação de Öcalan repudiou várias vezes dos acções cometidos pelos Falcões, mas o Governo turco afirma que o grupo não é mais do que uma sigla usada pelo PKK para se distanciar de atentados com vítimas civis – uma suspeita a que conhecedores da luta armada curda dão algum crédito.

No comunicado divulgado nesta quinta-feira, o grupo afirma que o ataque de domingo, junto a uma estação de metro e a várias paragens de autocarros, “foi realizada para vingar os 300 curdos mortos” nas operações que o Exército lançou no Sudeste do país, zona de maioria curda, desde Julho. O grupo acrescenta que o alvo da operação eram as forças de segurança, mas classifica as mortes de civis como “inevitáveis”, e avisa que “têm centenas de militantes prontos para efectuar ataques suicidas” – pouco depois desta notícia, o Governo alemão anunciou ter decidido fechar a sua embaixada em Ancara, o seu consulado-geral em Istambul e duas escolas alemãs em território turco, alegando que os serviços secretos do país “receberam pistas concretas” de que estavam a ser planeados ataques terroristas contra representações do país na Turquia.

O TAK revelou ainda a foto de uma mulher, Seher Cagla Demir, conhecido como Doga Jiyan, de 24 anos, confirmando-a como a autora do ataque, informação que já tinha sido avançada por Ancara. Segundo o ministro do Interior turco, a mulher foi treinada na Síria pelas Unidades de Protecção do Povo (YPG), o braço armado do principal partido curdo da Síria e que a Turquia considera igualmente como um “grupo terrorista”.

Mais de 200 pessoas morreram em cinco grandes atentados registados na Turquia desde Julho, uma escalada na violência que o Governo associa à guerra na vizinha Síria, aproveitada pelas forças curdas para se apoderarem de uma extensa faixa de território. O país está em alerta máximo e mais de 300 pessoas foram detidas nos últimos dias por suspeita de ligações aos grupos terroristas, de acordo com a agência noticiosa turca Anadolu. Uma ofensiva que promete não ficar por aqui.

Na quarta-feira, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou no Parlamento que vai retomar a guerra contra os “cúmplices” do “terrorismo” curdo e pediu o levantamento da imunidade parlamentar aos deputados do Partido Democrático do Povo (HDP), formação pró-curda que Erdogan acusa de “propaganda terrorista” e de pactuar com o PKK. “Sem ofensa, não vejo membros de um partido que age como filial de uma organização terrorista [PKK] a serem políticos legítimos”, afirmou, citado pelo jornal Hurriyet.