Dias de festa e alegria
A festa não “fabrica” a unanimidade ou unanimismos falsos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conseguiu “inundar” o país num clima de festa e alegria com os actos da sua investidura como novo Presidente da República. Com um sucesso espontâneo, fácil e sincero. Tudo foi calculado pela sua inegável inteligência e conhecimento que tem dos terrenos que pisa. Foi uma “lufada de ar fresco” em cerimónias habitualmente “pesadas”, que afastam a simplicidade do povo e se tornam anacrónicas.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conseguiu “inundar” o país num clima de festa e alegria com os actos da sua investidura como novo Presidente da República. Com um sucesso espontâneo, fácil e sincero. Tudo foi calculado pela sua inegável inteligência e conhecimento que tem dos terrenos que pisa. Foi uma “lufada de ar fresco” em cerimónias habitualmente “pesadas”, que afastam a simplicidade do povo e se tornam anacrónicas.
Agora, obviamente, a festa acabou. E, ao entrar, hoje, no Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa sabe que começa a verdadeira vida e laboriosa actividade de um Presidente, cujos tempos serão difíceis. Portugal, por força da conjuntura externa e interna, vive uma situação de equilíbrio instável. Periclitante.
A comunicação social e o PÚBLICO, claro está, fizeram eco desse sentimento de festa. A actividade política não é para ser vivida debaixo de um clima de ameaças, de aterrorizações e só à espera de que a geringonça caia.
A festa não “fabrica” a unanimidade ou unanimismos falsos. Alguns comentadores admiraram-se por nem BE, PCP E BEV terem aplaudido o discurso do Presidente. Só me admiro é desses comentários. Parecem não ter ainda percebido a questão de fundo: o direito de reserva desses partidos é coerente. Vamos para um futuro com muitas incógnitas.
CORREIO LEITORES/PROVEDOR
A "dobradinha opinativa"
Para comentar um "caso jornalístico", que, aliás, não é inédito, utilizo em título a expressão do leitor que recrimina o facto. O leitor Eduardo de Freitas escreve-me a chamar a atenção de como é possível PÚBLICO e Jornal de Notícias publicarem no mesmo dia, embora na edição online, idêntico artigo: "A maior caça ao homem da história". Trata-se de um texto do "escritor e jornalista" José Manuel Diogo sobre a divulgação das listas dos 22 mil nomes inscritos em fichas de combatentes ligados ao autodenominado Estado Islâmico, divulgada no dia 8 de Fevereiro, na Síria, num site ligado à oposição Assad e que veio depois a ter grande repercussão quando divulgado pela Sky News. Quanto à eventual suspeita que estas listas tão velozmente publicadas levantam, o PÚBLICO, no seu editorial de 11.03.2016, já definiu a sua posição e chamou devidamente à atenção para as cautelas a tomar com estas pressurosas e desconfiáveis divulgações, sob o título "O terror em listas demasiado fáceis".
Relativamente ao que diz respeito — como é possível o PÚBLICO cair na concessão desta "dobradinha opinativa"? — entrei em contacto com o director adjunto Nuno Pacheco, que me forneceu a seguinte explicação: o autor enviou o texto a perguntar se estaríamos interessados na publicação. "Achei que poderia ter interesse e resolvi publicá-lo online, pois em papel era impossível." Passado algum tempo, o autor telefona a comunicar que, afinal, o JN também o editara online. O director adjunto duvidou, então, se seria de retirar o dito artigo. Mas em troca de opiniões com editores do online teve conhecimento de que o mesmo artigo já circulava, via PÚBLICO, no Twitter e no Facebook. Fica a lição para o futuro, nas próprias palavras de Nuno Pacheco: qualquer texto de opinião recebido esperará mais tempo e aguardará até termos a garantia de que é exclusivo nosso.
Na precipitação da edição jornalística — comento eu —, estas coisas acontecem, mesmo a jornalistas com a experiência e reconhecida competência de Nuno Pacheco. Mais difícil de perceber é a atitude de publicistas que enviam os seus textos para mais que um jornal, sem aviso prévio, à procura desenfreada da sua publicação.
PÚBLICO esquece 95.º aniversário do PCP
Entre vários leitores, os leitores António Nabais e José Pereira da Costa escrevem-me a reclamar o "silêncio" que o PÚBLICO fez ao 95.º aniversário do Partido Comunista Português – PCP, celebrado com sessão solene no passado dia 6 de Março, domingo, na Aula Magna da Universidade de Lisboa. Fiz notar este silêncio à directora do jornal, a jornalista Bárbara Reis. Não obtive em tempo explicação para o sucedido. Pelo que conheço da orientação do PÚBLICO confio inteiramente que não será uma tomada de posição ideológica, o que seria grave para um jornal plural e que noutras ocasiões dá lugar às actividades do PCP. Sinceramente, estou em crer que se tratou de uma deficiente cobertura de reportagem, porventura por falta de meios ou outros lapsos. O PCP é um grande partido no espectro político português e internacional, e, seja qual for a ideologia de cada um, não é possível esquecer o seu papel histórico em Portugal. Neste momento, é um partido sustentador do Governo na maioria representativa da Assembleia da República, que dirige o poder executivo no nosso país. Como provedor dos leitores do PÚBLICO, não posso deixar de lamentar este "silêncio" ou lapso, e até condená-lo.
Transcrevo a seguir duas cartas de leitores. São cartas bastante contrastantes, mas servem de exemplo a posições bastante adversas e pouco correctas que alguns leitores encontram neste espaço para desopilar. Eu aprecio as cartas discordantes, mas prefiro com termos não ofensivos.
Escreve António Nabais: "Sei que nada resolvo, nem espero publicação, mas sempre é um desabafo. Realizou-se no passado domingo na Aula Magna um comício do Partido Comunista Português, previamente anunciado. E o jornal ‘Público’ não publica nem uma linha sobre o acontecimento, como era seu dever jornalístico, como aliás faz com outros partidos. É uma atitude condenável, discriminatória, portanto ilegal. Que não deixarei de comentar, quando oportuno, e oportunidades não faltarão." (....)
Por sua vez, escreve o leitor José Pereira da Costa: "Esta é a minha despedida do seu jornal, não só pelas sucessivas censuras a cartas que envio, como pelo continuado ostracismo a que o Partido Comunista Português tem sido votado, no caso agora com o silêncio sobre as comemorações dos 95 anos, no que atribuo a uma orientação néscia e bárbara! Deixarei de comprar esse jornal (se assim se pode chamar), mesmo com o desconto de 50% que o Continente faz, para dizer que as vendas são consideráveis, etc. e tal, mas se deixarem de fazer aquele desconto logo verão o que vos acontece... E o senhor, com quase 80 anos, não acha que é tempo de descansar, fruir um quiçá merecido descanso? Porque aí já pouco adianta, digo eu, sinta-se despedido."
Uma advertência aos jornalistas
O leitor Pedro Guerreiro escreve esta simpática advertência que não me parece ser de ignorar: "Será lícito exigir rigor a leigos quando até os jornalistas cometem gaffes e nem sempre acertam à primeira? Não se trata de irresponsabilidade, mas de liberdade de expressão. Ser responsável é exactamente o contrário, é ter a humildade de reconhecer o erro e a responsabilidade de poder corrigi-lo. A possibilidade de editar comentários não fomenta situações de abusos, antes pelo contrário. O oposto seria compreensível [embora não aceitável] se a intenção fosse punir criminalmente a opinião [gravada à primeira] dos comentadores. Mas como certamente que a "doutrina" do Público não é a persecutória, também não fará sentido privar a liberdade de expressão [e edição] dos comentadores que entendam que os seus comentários devam ser melhorados ou até eliminados voluntariamente, como acontece no Facebook. Caso contrário, aí sim, estaremos perante um cenário de irresponsabilidade e falta de rigor."