Pode um gato mudar a vida de uma menina autista?

A amizade com o gato Thula fez Iris Grace expressar-se como nunca tinha acontecido antes. As pinturas da menina de seis anos com autismo severo já conquistaram vários coleccionadores de arte. Agora, a história deu origem a um livro

Antes de ler este texto, o melhor é assistir ao vídeo acima, numa espécie de exercício de “ver para crer”. A história de amizade entre Iris Grace e o seu gato Thula tem tanto de enternecedora como de improvável. E depois de mudar a vida da menina de seis anos com autismo (e do gato) deu agora origem a um livro com pinturas, ilustrações, fotografias e pormenores da narrativa que já encantou o mundo.

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Antes de ler este texto, o melhor é assistir ao vídeo acima, numa espécie de exercício de “ver para crer”. A história de amizade entre Iris Grace e o seu gato Thula tem tanto de enternecedora como de improvável. E depois de mudar a vida da menina de seis anos com autismo (e do gato) deu agora origem a um livro com pinturas, ilustrações, fotografias e pormenores da narrativa que já encantou o mundo.

Iris foi diagnosticada com autismo severo quando tinha apenas um ano de idade. Durante muito tempo, parecia viver num mundo isolado e só dela — quase não falava e raramente sorria. Os pais tentaram várias abordagens. Fez hipismo e não gostou, teve um cão como companhia e não reagiu. Um dia, em 2014, os pais decidiram adoptar um gato de raça Maine Coon e tudo mudou.

A empatia entre Iris e Thula foi imediata e a menina, já apaixonada por cavaletes e tintas, começou a comunicar como nunca tinha feito antes: “Eles sentam-se ao lado um do outro enquanto Iris pinta e novas portas de comunicação foram abertas, portas que achávamos estarem fechadas para sempre”, conta a mãe Arabella Carter-Johnson, fotógrafa e responsável pelo livro agora publicado e à venda na Amazon.

Foto
Arabella Carter-Johnson

Thula está presente em todos os momentos da vida de Iris: o tempo da pintura, os passeios de bicicleta e de barco, o banho e até mergulhos na piscina. E ver Iris sorrir deixou de ser uma missão impossível. “Ela oferece companhia, amizade e ajuda-me a incentivar Iris a interagir”, explica a mãe ao site Bored Panda.

Os quadros coloridos da menina têm sido elogiados por vários colecionadores de arte do Reino Unido, onde ela vive, e vários foram mesmo comprados. E a ligação de Iris ao mundo proporcionada pela pintura é apenas uma das vantagens conseguidas: o exemplo, diz a mãe, pode ajudar a consciencializar mais pessoas para o autismo, uma doença que só no Reino Unido afectará cerca de 100 mil crianças. “Quando somos pais ou professores de meninos com autismo estamos constantemente a tentar encontrar a maneiras de interagir com elas e a chave para entrar no mundo deles”, relata ao site My Modern Met.

O caso despertou a atenção de órgãos de comunicação social um pouco por todo o mundo e o programa The One Show, da BBC, esteve recentemente na casa da menina britânica. 

O livro agora editado “não é a história de uma menina prodígio ou génio (apesar de a Iris ser quase de certeza as duas coisas)", lê-se na descrição do livro, "é a narrativa de como um vínculo impressionante entre um gato e uma criança salvou uma família”. Talvez as técnicas usadas por estes pais não resultem com outra criança, ressalvam, mas a mensagem sobre a diferença e o incentivo ("há sempre uma solução") podem ajudar muitas famílias.