Centro Hospitalar de Coimbra confirma três mortos com a mesma bactéria do surto de Gaia
Hospital recusa falar em surto de Klebsiella pneumoniae, mas a verdade é que o número de casos — 21 no total — quadruplicou desde Outubro.
O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) detectou a bactéria Klebsiella pneumoniae, responsável pelo surto do ano passado no Hospital de Gaia, em 21 doentes internados na instituição, confirmou o director clínico do hospital, José Pedro Figueiredo, em conferência de imprensa. No entanto, só oito desenvolveram mesmo a infecção e precisaram, por isso, de tratamento com os medicamentos adequados. O ministro da Saúde já veio garantir que as autoridades de saúde tomaram todas as medidas necessárias.
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O Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) detectou a bactéria Klebsiella pneumoniae, responsável pelo surto do ano passado no Hospital de Gaia, em 21 doentes internados na instituição, confirmou o director clínico do hospital, José Pedro Figueiredo, em conferência de imprensa. No entanto, só oito desenvolveram mesmo a infecção e precisaram, por isso, de tratamento com os medicamentos adequados. O ministro da Saúde já veio garantir que as autoridades de saúde tomaram todas as medidas necessárias.
A informação foi inicialmente avançada pelo Jornal de Notícias nesta quarta-feira, que falava em 24 doentes, mas três já tiveram alta. O responsável dos CHUC confirmou também três óbitos associados à bactéria. No entanto, o hospital rejeita falar num surto como o que infectou mais de cem doentes em Gaia, em que a bactéria também foi associada à morte de três pessoas.<_o3a_p>
Os 21 doentes estão isolados para conter a disseminação da bactéria resistente a carbapenemes (KPC), um antibiótico “bomba”. Entre os 21 doentes, só em oito a bactéria causou mesmo infecção, mas estão a evoluir bem, segundo José Pedro Figueiredo. Os restantes têm a bactéria mas estão apenas “colonizados”, ou seja, não têm manifestação clínica da doença e não precisam de tratamento, apenas devem ficar isolados.<_o3a_p>
Quatro dos doentes estão nos cuidados intensivos, mas sem infecção, apenas “colonizados”. O internamento neste serviço deve-se às outras doenças que já tinham: um tem asma e está com o sistema imunitário enfraquecido, há dois politraumatizados e um com gripe A. Um deverá ter alta ainda hoje, dois estão a evoluir bem e só um deles (politraumatizado) tem ainda prognóstico reservado devido ao traumatismo.<_o3a_p>
Num comunicado posterior à conferência de imprensa, o CHUC informa que já constituiu uma “task force, nomeada pelo conselho de administração, para acompanhamento destas situações, nomeadamente para implementação de medidas de contenção e rastreio e monitorização da eficácia das mesmas, tendo por base as orientações da Direcção-Geral da Saúde”. O hospital está a fazer o rastreio diário de todos os doentes que tenham contactado com possíveis casos e assegura que procedeu ao “isolamento físico” dos doentes com a bactéria.<_o3a_p>
Além disso, na mesma nota, informa-se que houve uma “adopção de equipamentos de protecção individual e prevenção da infecção específicos (vestuário descartável para uso dos profissionais e batas para as visitas dos doentes) e de procedimentos adicionais de reforço de desinfecção de vestuário e de superfícies”. No Serviço de Medicina Intensiva há, ainda, um espaço e equipas dedicadas em exclusivo a estes doentes.<_o3a_p>
O CHUC recusa, contudo, que se fale num surto, defendendo que tem habitualmente 1900 doentes internados e que 24 é um número diminuto. A nota diz mesmo que "esta situação é comum em toda a Europa", citando dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças.
No entanto, a verdade é que o número de doentes com a bactéria é bastante superior ao registado em Outubro e praticamente quadruplicou. Nessa altura, perante a informação de alguns casos, o PÚBLICO questionou o CHUC que respondeu que no dia 20 de Outubro tinha “internados no polo HG (vulgo Covões) do CHUC, 5 doentes infectados com Klebsiella pneumoniae (2 com infecção urinária e 3 com infecção respiratória)”.
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A instituição reiterava que o valor estava “dentro da normalidade” e recordava que, conceptualmente, só se pode falar em “surto epidémico” quando há “infecção de cerca de um terço dos doentes presentes num local determinado (por exemplo, uma enfermaria ou uma instituição”.<_o3a_p>
Na altura o centro hospitalar, através do gabinete de comunicação, garantia que, mesmo assim, tinha tomado as medidas “preconizadas pela DGS para as infecções multirresistente”, nomeadamente “isolamento físico - de contacto - com ala de internamento exclusivamente dedicada a doentes portadores de Klebsiella pneumoniae e outras infecções multirresistentes”. No terreno estava também uma equipa dedicada a estes doentes, medidas de protecção individual e “restrição de visitas ao máximo diário de duas pessoas por doente, por períodos de trinta minutos, acompanhadas de profissional de saúde”.<_o3a_p>
Numa reacção ao caso, o ministro da Saúde assegurou nesta quarta-feira que as autoridades de saúde accionaram medidas "profilácticas e preventivas" para resolver os casos de 21 doentes internados no CHUC. “É uma situação importante, naturalmente ocorre em ambiente hospitalar, são episódios que têm alguma frequência ao longo do tempo e as autoridades de saúde e o próprio hospital estão a accionar as medidas, digamos, profilácticas e preventivas que tenderão a corrigir a situação”, Adalberto Campos Fernandes, citado pela Lusa, em Sintra, à margem de uma visita à câmara municipal.<_o3a_p>
O ministro admitiu que os hospitais “terão sempre de ter mais meios financeiros em todo o tempo, não hoje, daqui a cinco anos ou daqui a 10 anos, mas têm também de ter melhor organização e melhor gestão”. “Eu faço um apelo muito grande em que se invista tanto nos recursos financeiros como se invista na qualidade das competências de gestão e competências de direcção”, frisou.<_o3a_p>