Coreia do Norte dá sinais de preparar lançamento de satélite ou míssil
Observação satélite detecta movimentações em estação de testes de onde Pyongyang lançou o seu único satélite em órbita. Japão já alertou navios de intercepção de mísseis.
Enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas prepara novas sanções contra a Coreia do Norte pelo seu teste nuclear do início do mês, responsáveis norte-americanos e japoneses indicam que o regime está a preparar uma nova provocação para as próximas semanas, sob a forma do lançamento de um satélite ou míssil balístico.
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Enquanto o Conselho de Segurança das Nações Unidas prepara novas sanções contra a Coreia do Norte pelo seu teste nuclear do início do mês, responsáveis norte-americanos e japoneses indicam que o regime está a preparar uma nova provocação para as próximas semanas, sob a forma do lançamento de um satélite ou míssil balístico.
Japão e EUA detectaram movimentações no maior local norte-coreano de testes à sua – ainda incipiente – tecnologia de propulsão, no passado utilizada para o lançamento de satélites. Os dois aliados no Pacífico não estão certos sobre para que tipo de ensaio prepara o regime, mas o exército japonês lançou nesta sexta-feira um alerta aos seus navios de intercepção para o risco de um míssil norte-coreano tentar atingir o país.
O ministro dos Negócios Estrangeiros comunicou-o durante a manhã a John Kerry, o secretário de Estado norte-americano. “Não podemos negar a possibilidade de a Coreia do Norte tentar novas acções provocatórias”, disse Fumio Kishida aos jornalistas, já depois do telefonema ao homólogo norte-americano.
North Korea apparently readying 'some kind of launch', say US officials https://t.co/s2LjIMLISu pic.twitter.com/Bb6AdJUJfz
— AFP news agency (@AFP) January 28, 2016
Pyongyang está sob constante observação por satélite. “Há indicações de que se estão a preparar para um tipo qualquer de lançamento”, disse um responsável norte-americano à AFP. “Pode ser um satélite ou veículo espacial – há muitos palpites. A Coreia do Norte faz isto periodicamente: movimentam coisas de trás para a frente.”
O regime está impedido pelas Nações Unidas de testar qualquer tipo de tecnologia balística ou nuclear, embora ao longo dos anos tenha sucessivamente ignorado as proibições. Sempre que o faz, os países com assento permanente no Conselho de Segurança endurecem as sanções. É o que discutem agora como resposta ao que o regime norte-coreano diz ter sido a explosão de uma bomba de hidrogénio, no início de Janeiro – algo consensualmente desmentido por especialistas, dado o pequeno impacto da detonação.
A Coreia do Norte conseguiu pela primeira vez pôr um satélite em órbita no final de 2012. O regime alega ter-se tratado de uma operação científica, mas a comunidade internacional encarou-o como um teste encapotado a mecanismos de propulsão que possam no futuro lançar um míssil de longo ou médio alcance armado com uma ogiva nuclear.
Japan puts military on alert for possible North Korean missile test https://t.co/yVsCOMxy0A pic.twitter.com/idHyDFCEu5
— Reuters Top News (@Reuters) January 29, 2016
“O nosso receio é que no momento de fazerem um lançamento espacial, acabem por usar os mesmos componentes de um ICBM [míssil balístico intercontinental] ”, explica à AFP um segundo responsável norte-americano.
Por enquanto, as movimentações na estação de lançamento de Sohae – na parte ocidental do país, perto da fronteira com a China – sugerem que os preparativos do regime estão ainda numa fase inicial, embora responsáveis japoneses defendam a possibilidade de acontecer no espaço de uma semana. Os norte-coreanos têm reconstruído a estação de forma a conseguirem lançar mecanismos maiores e com mais carga.
Fracturas nas sanções
O debate sobre novas sanções ao regime prossegue com as habituais fracturas. China e Rússia, os dois grandes aliados de Pyongyang no Conselho de Segurança, aprovaram sanções mais duras sempre que os norte-coreanos violaram as proibições, com testes nucleares ou balísticos. Mas fizeram-no com versões mais brandas do que desejariam os aliados ocidentais.
Pequim reagiu à explosão da suposta bomba de hidrogénio num tom menos amigável do que o costume, o que parecia fazer antever uma ronda de sanções também mais duras do que o habitual. Mas as divisões entre China e Estados Unidos sobre como lidar com o regime pária mantiveram-se na visita desta semana de John Kerry a Pequim.
“As sanções não são um fim em si mesmas”, disse o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros numa conferência de imprensa com Kerry, depois do norte-americano ter defendido com veemência a imposição de regras duras contra Pyongyang.
“O nosso objectivo deve ser o de fazer regressar o tema nuclear na Península da Coreia à mesa de negociações”, concluiu Wan Yi, referindo-se às discussões multilaterais interrompidas em 2012 e que os Estados Unidos se recusam a reavivar até que o regime destrua o arsenal nuclear que já construiu.
Apesar dos sinais de que o regime se prepara para nova infracção das regras das Nações Unidas, a imprensa nacional norte-coreana anunciou esta sexta-feira o envio de uma delegação diplomática a Moscovo para tentar negociar uma posição mais amigável da Rússia no Conselho de Segurança – Moscovo e Pequim têm poder de veto sobre qualquer decisão. A agência de notícias sul-coreana Yonhap escreve que uma outra equipa de Pyongyang viajou para Pequim depois da visita de John Kerry.