Artur Mas afasta-se e independentistas catalães evitam novas eleições

A coligação Juntos pelo Sim e a CUP chegaram a acordo para formar governo. O novo líder será Carles Puigdemont, até agora presidente da câmara de Girona.

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Artur Mas na conferência de imprensa em que anunciou que retira a sua candidatura Josep Lago/AFP

Faltavam 30 horas para evitar eleições quando os independentistas catalães alcançaram um acordo que já parecia impossível. Como exigira a CUP (Candidatura de Unidade Popular), o até agora presidente da generalitat, o governo da comunidade autonómica, Artur Mas, aceitou retirar a sua candidatura. Foi “uma decisão dolorosa” que diz ter tomado “em nome do projecto de independência”. O parlamento regional reúne domingo para investir o novo líder, Carles Puigdemont.

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Faltavam 30 horas para evitar eleições quando os independentistas catalães alcançaram um acordo que já parecia impossível. Como exigira a CUP (Candidatura de Unidade Popular), o até agora presidente da generalitat, o governo da comunidade autonómica, Artur Mas, aceitou retirar a sua candidatura. Foi “uma decisão dolorosa” que diz ter tomado “em nome do projecto de independência”. O parlamento regional reúne domingo para investir o novo líder, Carles Puigdemont.

A coligação Juntos pelo Sim, que reúne a Esquerda Republica da Catalunha (ERC) e o partido nacionalista de direita Convergência, de Artur Mas, venceu as eleições de 27 de Setembro, elegendo 62 lugares no hemiciclo de 135, mas precisava dos votos de dois deputados da CUP e da abstenção dos restantes oito para fazer eleger um presidente.

No início da semana, Artus Mas anunciou que não desistia de se candidatar a um novo mandato. “Tenho vontade de enfrentar as forças de Madrid”, afirmou. Na sexta-feira, a última reunião prevista terminou sem acordo, com os representantes da Juntos pelo Sim a insistir que Mas teria se ser presidente e a CUP sem desistir da sua exigência.

Terão sido os receios internos da Convergência face à possibilidade de a ERC poder ser a força mais votada em novas eleições, assim como o medo que o conjunto das forças independentistas viesse a perder a maioria de 47,8% e 72 deputados, a precipitar o recuo. Nas legislativas de 20 de Dezembro a força mais votada foi a candidatura cidadã apoiada pelo Podemos, de Pablo Iglesias, que apoia a realização de um referendo sobre o futuro da Catalunha mas diz que não fará campanha pela independência.

À meia-noite de domingo expirava o prazo para investir um presidente; na segunda-feira seriam automaticamente marcadas novas eleições. “Para mim, esta decisão tem uma componente dolorosa, mas estou muito tranquilo e muito convencido do que estou a fazer”, disse Artur Mas numa conferência de imprensa ao final do dia, na sede da generalitat. “Nos próximos dias vão ver-se claramente os benefícios desta decisão. Para o país e para o projecto”, afirmou.

O escolhido para liderar a Catalunha é Carles Puigdemont, ex-jornalista de 53 anos que entrou na política em 2006. Desde 2011 é presidente da câmara de Girona e da Associação dos Municípios pela Independência. É membro da Convergência e considerado próximo de Artur Mas. “Trabalhou muito bem como autarca, tem experiência de gestão, sabe o que quer dizer o contacto directo com as pessoas e tem muito claro o projecto de país, que a Catalunha é uma nação com direito a decidir o seu futuro e a ser como todos os países normais da Europa”, descreveu Artur Mas.

Este acordo, sublinhou Artur Mas, “faz com que a Juntos pelo Sim controle a estabilidade parlamentar; existe o compromisso explícito da CUP para o garantir”. Segundo se sabe, dois deputados da CUP vão passar a ser assessores da Juntos pelo Sim e os mais críticos do acordo deverão ser substituídos. “A CUP assume os seus erros”, disse ainda o presidente em exercício. “E é bom que assim seja.”

No acordo continua previsto que a maioria separatista conduza a Catalunha à independência até 2017 - a 9 de Dezembro, os deputados adoptaram uma resolução a lançar o processo, mas semanas depois essa decisão foi anulada pelo Tribunal Constitucional. Para já, Artur Mas vai abandonar todos os cargos executivos mas sugeriu que poderá voltar a candidatar-se numas futuras eleições autonómicas.