El Niño de 2015 é semelhante ao de 1997/1998 e ainda não abrandou
NASA comparou os dois fenómenos por imagens de satélite.
Cheias na América do Sul, secas na Indonésia e chuvas e nos Estados Unidos. O fenómeno cíclico de aquecimento das águas do oceano Pacífico, o El Niño, está aí e os seus efeitos já são notórios. Mas a agência norte-americana NASA mostrou, nesta terça-feira, que este El Niño é parecido com o de 1997/1998, o pior El Niño desde que há registo. Ao que tudo indica, o novo El Niño ainda não atingiu o seu pico.
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Cheias na América do Sul, secas na Indonésia e chuvas e nos Estados Unidos. O fenómeno cíclico de aquecimento das águas do oceano Pacífico, o El Niño, está aí e os seus efeitos já são notórios. Mas a agência norte-americana NASA mostrou, nesta terça-feira, que este El Niño é parecido com o de 1997/1998, o pior El Niño desde que há registo. Ao que tudo indica, o novo El Niño ainda não atingiu o seu pico.
A imagem obtida pelo satélite Jason-2, da Missão da Topografia da Superfície dos Oceanos da Europa e dos Estados Unidos, mostra as altitudes médias da superfície do oceano Pacífico em Dezembro, o que ajuda a medir a dimensão do El Niño.
Este fenómeno acontece quando há uma mudança no padrão dos ventos por cima do oceano Pacífico, que faz aquecer a camada superficial das águas da região Leste do oceano Pacífico, junto à costa da América do Sul, e faz arrefecer as águas na região Oeste daquele oceano. Esta mudança de temperaturas traduz-se numa alteração no nível médio do mar: águas mais quentes têm tendência a dilatar, aumentando a altura do nível do mar.
É isso que se vê na imagem captada a 28 de Dezembro de 1997: o nível médio do mar mais alto junto às Américas e mais baixo do lado oposto. A assinatura repete-se com muita parecença na imagem captada a 27 de Dezembro de 2015.
Mas há uma diferença substancial. “Em 2014, o El Niño actual começou por provocar-nos – aumentando e diminuindo de intensidade”, explica Josh Willis, cientista responsável pela coordenação da missão “Jason” do Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA, na Califórnia, citado num comunicado da NASA. “Mas no início de 2015, as condições atmosféricas mudaram, e o El Niño expandiu-se continuadamente na região Central e Leste do oceano Pacífico. Apesar de a altura da superfície e o sinal de 1997 terem sido mais intensos e atingiram o pico em Novembro desse ano, em 2015, a área onde há uma subida do nível médio do mar é maior. Isto pode querer dizer que ainda não vimos o pico deste El Niño.”
O calor do mar faz aquecer a temperatura e aumentar a humidade na atmosfera, o que por sua vez aumenta as correntes de jacto na atmosfera o que afecta o percurso das tempestades no mundo, explica o comunicado da NASA. Os efeitos na meteorologia podem continuar nos próximos meses. A NASA dá uma boa notícia: há mais humidade na zona da Califórnia nos anos de El Niño, e isso poderá aplacar um pouco os anos de seca que aquela região tem sofrido.