Fiscalização dos novos horários dos bares de Lisboa preocupa oposição

A Câmara de Lisboa aprovou a submissão a discussão pública da proposta que define os horários de restaurantes, bares, discotecas e lojas de conveniência, entre outros.

Foto
Proposta estabelece diferentes tipos de horários para as áreas habitadas, mas não põe quaisquer limites na frente ribeirinha Nuno Ferreira Santos

Embora reconheçam que era necessário a Câmara de Lisboa rever o regulamento que define os horários dos bares, das lojas de conveniência e de outros estabelecimentos de venda ao público, os vereadores do PCP e do PSD têm dúvidas sobre a forma como vai ser feita a sua fiscalização. “Não basta termos um regulamento bom. É preciso que ele seja efectivamente cumprido”, sublinhou o social-democrata António Prôa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Embora reconheçam que era necessário a Câmara de Lisboa rever o regulamento que define os horários dos bares, das lojas de conveniência e de outros estabelecimentos de venda ao público, os vereadores do PCP e do PSD têm dúvidas sobre a forma como vai ser feita a sua fiscalização. “Não basta termos um regulamento bom. É preciso que ele seja efectivamente cumprido”, sublinhou o social-democrata António Prôa.

O alerta foi feito na reunião camarária desta quarta-feira, na qual foi aprovada a submissão a discussão pública da “proposta de revisão do regulamento de horários de funcionamento dos estabelecimentos de venda ao público e de prestação de serviços no concelho”. O CDS não participou na votação, o PSD absteve-se e os restantes eleitos votaram favoravelmente.

Como o PÚBLICO já noticiou, aquilo que a câmara propõe é que a cidade seja dividida em duas zonas: a Zona A, que abrange a generalidade do território, e a Zona B, que se cinge a uma faixa na frente ribeirinha. Para a primeira são fixados horários específicos consoante o tipo de estabelecimento, enquanto na segunda os estabelecimentos “não estão sujeitos a qualquer limite de horário”.

Em relação à Zona A, aquilo que está previsto é que os restaurantes e cafés possam funcionar entre as 7h e as 2h, os bares e pubs entre as 12h e as 2h (e até às 3h às sextas, sábados e vésperas de feriados) e as discotecas entre as 12h e as 4h.

Quanto às lojas de conveniência, a versão do regulamento que foi inicialmente distribuída foi alterada, estabelecendo-se agora que elas poderão laborar não até às 22h mas sim até à meia-noite. “Atendendo à realidade de cada freguesia”, diz-se na proposta, esse horário poderá ser alargado pela câmara, “em articulação com as juntas de freguesia”.  

O vereador António Prôa considerou positivo o papel atribuído às juntas e a existência de uma “sensibilidade e preocupação” com as diferentes “comunidades”, mas deu conta da sua preocupação com a possibilidade de tal abrir a porta “a todas as excepções”. O autarca apelou ainda a que se olhe “com muita atenção” para a questão das lojas de conveniência, que em muitos casos funcionam como fornecedoras de bebidas alcoólicas que depois são consumidas na rua. 

António Prôa manifestou também dúvidas com a divisão da cidade em duas zonas, considerando que isso pode configurar “uma lógica perigosa”, por transmitir a ideia de que numa dessas zonas (a chamada Zona B) “não se privilegia a habitação”. Em resposta, o vice-presidente da câmara reconheceu que com essa divisão se está “a limitar a possibilidade” de a área em causa “ser no futuro uma área residencial” e assumiu a defesa dessa posição: “a zona ribeirinha é a zona para a qual queremos empurrar a diversão nocturna e o investimento nessa área”, afirmou Duarte Cordeiro.

Tanto António Prôa como Carlos Moura, do PCP, sublinharam a necessidade de haver uma fiscalização do cumprimento dos horários que vierem a ser fixados. “Quais são os meios à disposição? Como será feita a articulação entre a Polícia Municipal e os serviços da câmara?”, perguntou o eleito comunista.

A essas dúvidas Duarte Cordeiro respondeu dizendo que o regulamento “representa uma evolução muito positiva” ao nível da fiscalização, porque vão passar a ser permitidos “diferentes horários em função das condições dos estabelecimentos”. Isto, explicou Duarte Cordeiro elimina nalguns casos a necessidade de serem feitas “análises de ruído”, permitindo que logo na primeira visita a um estabelecimento a Polícia Municipal perceba que ele está fora da lei, por exemplo por não ter sistema de videovigilância ou limitadores de som.

O autarca socialista admitiu que este regulamento não irá resolver todos os problemas, mas defendeu que ele permitirá “clarificar e simplificar as regras e aumentar a fiscalização”.

Projecto de hostel em Monsanto alterado
O projecto para a criação de um hostel na Quinta da Pimenteira, uma propriedade municipal no Parque Florestal de Monsanto, foi alterado e já não prevê a construção de um edifício “em área ocupada por estufa-viveiro”. “Os quartos da estufa foram retirados”, afirmou o vereador da Estrutura Verde, acrescentando que em breve dará aos vereadores da oposição mais detalhes sobre este processo.

José Sá Fernandes prometeu também para os próximos dias informações sobre o futuro da Vila Correia, em Belém (que chegou a estar previsto que fosse cedida a uma associação sem fins lucrativos), sobre a Tapada das Necessidades e sobre o antigo Campo de Tiro de Monsanto. Por enquanto, José Sá Fernandes lembrou apenas que a intenção do município é “devolver a Monsanto” tanto esse último espaço, que designou como Monte das Perdizes, como o antigo Aquaparque.

O autarca apresentou esta quarta-feira a sua “estratégia” para Monsanto, que inclui a criação de novos trilhos e a introdução de medidas de acalmia de tráfego e a melhoria das ligações do parque florestal a outros concelhos.