Rapper MCK retido em Angola
Músico teve que entregar passaporte, que lhe foi devolvido depois de o voo em que deveria ter embarcado para o Brasil ter deixado o aeroporto.
O rapper MCK foi impedido esta terça-feira de viajar para o Brasil pelas autoridades angolanas. O artista preparava-se para embarcar quando foi informado que não poderia deixar Angola, tendo o seu passaporte lhe sido retirado. MCK denunciou a situação na sua página no Facebook, onde escreve que o seu “único crime é pensar diferente”.
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O rapper MCK foi impedido esta terça-feira de viajar para o Brasil pelas autoridades angolanas. O artista preparava-se para embarcar quando foi informado que não poderia deixar Angola, tendo o seu passaporte lhe sido retirado. MCK denunciou a situação na sua página no Facebook, onde escreve que o seu “único crime é pensar diferente”.
O angolano, de nome Katrogi Nhanga Lwamba, 34 anos, estava esta manhã no Aeroporto 4 de Fevereiro, em Luanda, para embarcar para o Brasil, onde iria participar no evento Terra do Rap, no Rio de Janeiro, com “concerto marcado, cachet pago e compromissos concluídos”, como avança na rede social.
Interpelado pelas autoridades locais, MCK (lê-se MC Kapa) recebeu a “única informação” de que estava impedido de sair do país, por “ordens superiores”. Ficou com o passaporte interdito e foi-lhe indicado que só o poderia reaver quando o voo no qual deveria embarcar partisse.
“Passaporte em dia, visto em dia, bilhete em dia... o único crime é pensar diferente”, desabafa MCK. “Estou calmo, estou na paz e estou tranquilo”, escreve ainda, antes de questionar: “O que será que o Estado angolano ganha com essas acções?”
MCK, uma das vozes mais contestatárias do regime angolano, tem contestado o caso dos 17 activistas angolanos que estão a ser julgados por “actos preparatórios” de rebelião e atentado contra o Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, entre eles o também rapper Ikonoclasta, ou seja, Luaty Beirão.
A 1 de Setembro deste ano deu o seu primeiro concerto em Portugal, no Music Box, em Lisboa, onde partilhou o palco com o músico Bonga, seu convidado especial. O concerto teve como propósito a apresentação da reedição, em versão aumentada, do álbum Proibido Ouvir Isto (2012), mas o caso dos activistas angolanos esteve sempre presente, na música e nas palavras que se ouviram entre temas.