Crise migratória na Europa é "um plano" da esquerda para ganhar votos
Primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, diz que "tudo indica que a esmagadora maioria destes migrantes votará nos partidos de esquerda assim que se tornarem cidadãos".
O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, considera que a chegada à Europa de centenas de milhares de pessoas em fuga de países como a Síria, o Afeganistão ou o Iraque faz parte de um "grande plano" dos partidos de esquerda para reforçar o seu eleitorado e ganhar eleições.
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O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, considera que a chegada à Europa de centenas de milhares de pessoas em fuga de países como a Síria, o Afeganistão ou o Iraque faz parte de um "grande plano" dos partidos de esquerda para reforçar o seu eleitorado e ganhar eleições.
"A migração é vista como uma oportunidade. Tudo indica que a esmagadora maioria destes migrantes votará nos partidos de esquerda assim que se tornarem cidadãos [de um país europeu], e é por isso que estes futuros eleitores da esquerda estão a ser importados para a Europa", disse o chefe do Governo húngaro numa entrevista à revista suíça Die Weltwoche, publicada esta quinta-feira.
De acordo com Viktor Orbán, o "grande plano" dos partidos de esquerda explica também a posição da chanceler alemã, Angela Merkel, que tem defendido uma política mais tolerante em relação aos migrantes e refugiados – segundo Orbán, os parceiros de coligação do SPD, de centro-esquerda, estão a reduzir a margem de manobra de Merkel.
"Muitos de nós estamos a dar voltas à cabeça em relação a esse assunto. A Alemanha é a chave. Se os alemães dissessem amanhã 'Estamos cheios, já chega', a enchente seria travada imediatamente", disse o primeiro-ministro húngaro na entrevista citada pela agência Reuters.
A chanceler alemã tem sido alvo de contestação no seu país, mas essa pressão é contra a entrada de mais refugiados, tanto no interior do seu próprio partido, a CDU, de centro-direita, como nos sectores mais à direita.
"Não tenho coragem suficiente para falar sobre esta questão publicamente com certezas absolutas, mas é impossível não imaginar que existe um grande plano por trás disto", afirmou Viktor Orbán. Este "grande plano", segundo o primeiro-ministro húngaro, é a concretização das ideias defendidas "pela esquerda europeia e pelos Democratas americanos radicais" com vista ao fim dos países tradicionais e à sua substituição por um único e gigantesco Estado europeu.
O Governo da Hungria instalou vedações ao longo das suas fronteiras com a Sérvia e a Croácia e enviou o Exército para travar a entrada de migrantes e refugiados no seu país. Segundo o primeiro-ministro húngaro, a maioria dos que tentam entrar na Europa não são refugiados, mas sim emigrantes em busca do "estilo de vida da Alemanha ou da Suécia" que poderão determinar "o fim da Europa".
De acordo com os números mais recentes da Agência das Nações Unidas para os Refugiados, desde o início do ano chegaram à Europa 792.833 migrantes e refugiados, a maioria através da rota que liga a Turquia à Grécia e a partir de países do Norte de África como a Tunísia, a Líbia e o Egipto.
Das quase 800.000 pessoas que chegaram à Europa por travessia marítima, 52% são de nacionalidade síria, um país devastado por uma guerra há mais de quatro anos que já fez mais de 300.000 mortos, sete milhões de deslocados no interior do país e mais de quatro milhões de refugiados registados em vários países.
A Turquia, com 78 milhões de habitantes, recebeu cerca de metade dos refugiados sírios (2.181.293), seguindo-se o Líbano (seis milhões de habitantes e 1.075.637 refugiados sírios) e a Jordânia (5,6 milhões de habitantes e 630.776 refugiados sírios).
No dia 22 de Setembro, a União Europeia aprovou um plano para a distribuição de 160.000 refugiados que estão na Grécia e em Itália (com os votos contra da Hungria, da República Checa, da Roménia e da Eslováquia). Até dia 4 de Novembro tinham sido recolocados 130 refugiados.
Dos 4754 refugiados que Portugal se comprometeu a receber ao longo dos próximos dois anos ainda não chegou nenhum – os 22 que chegaram no fim-de-semana passado fazem parte de um programa coordenado pelo ACNUR que existe desde 2007.