Demolições no Pavilhão Carlos Lopes podem comprometer identidade do imóvel
O alerta é feito por técnicos da Câmara de Lisboa que integram a Estrutura Consultiva Residente. O pedido de licenciamento das obras, apresentado pela Associação de Turismo de Lisboa, é discutido quarta-feira.
O projecto da Associação de Turismo de Lisboa (ATL) para o Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, prevê a demolição do recinto de jogos no seu interior, das estruturas arquitectónicas dos torreões do lado nascente e a abertura de vãos nos alçados norte e sul do edifício. A Estrutura Consultiva Residente da Carta Municipal do Património manifestou-se contra boa parte das alterações propostas, sublinhando que as obras a realizar no imóvel “não devem lesar nem desvirtuar” as suas “características arquitectónicas e decorativas”.
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O projecto da Associação de Turismo de Lisboa (ATL) para o Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, prevê a demolição do recinto de jogos no seu interior, das estruturas arquitectónicas dos torreões do lado nascente e a abertura de vãos nos alçados norte e sul do edifício. A Estrutura Consultiva Residente da Carta Municipal do Património manifestou-se contra boa parte das alterações propostas, sublinhando que as obras a realizar no imóvel “não devem lesar nem desvirtuar” as suas “características arquitectónicas e decorativas”.
Esta quarta-feira, a Câmara de Lisboa vai apreciar o pedido de licenciamento apresentado pela ATL, para a “realização de obras de demolição, alteração interior e de fachadas e conservação” do Pavilhão Carlos Lopes, localizado no Parque Eduardo VII.
Na proposta, o vereador do Urbanismo explica que o pedido em discussão inclui “a demolição das estruturas do recinto de jogos, para criar um espaço amplo destinado a eventos, (...) e a demolição e reconstrução das estruturas arquitectónicas que configuram o interior das alas norte e sul, assim como as dos torreões do lado nascente”. Além disso, acrescenta Manuel Salgado, “é proposto o encerramento com estruturas envidraçadas das galerias simétricas, em colunata, que ladeiam o átrio de entrada para servirem de foyers e o encerramento de uma das portas monumentais do salão nobre”.
Segundo um parecer a que o PÚBLICO teve acesso, a Estrutura Consultiva Residente da Carta Municipal do Património Edificado e Paisagístico pronunciou-se, em meados de Setembro, contra “as demolições que se perspectivam para o interior da ala norte e para os torreões do lado nascente”, contra “a abertura de vãos desgarrados nos alçados norte e sul”, contra “o envidraçamento das galerias em colunata” e contra “a criação de terraços na cobertura perceptíveis a partir do exterior.
Para sustentar essa posição, o grupo de trabalho composto por técnicos municipais lembra que no Plano Director Municipal “estabelece-se que as obras de alteração e as de demolição, ainda que parciais, não devem lesar nem desvirtuar as características arquitectónicas e decorativas que, no interior e no exterior, garantam a identidade do imóvel”.
Num parecer da Divisão de Projectos de Edifícios que acompanha a proposta que vai ser discutida em reunião camarária constata-se que depois dessa tomada de posição o projecto de arquitectura apresentado pela ATL sofreu algumas alterações, que não se detalham. A elas seguiu-se um novo parecer da Estrutura Consultiva Residente, que considerou que “as aberturas nas fachadas norte e sul não podem ser justificadas por questões logísticas” e acrescentou que no caso de elas se manterem devia ficar escrito “o que irá ser feito aos azulejos que terão que ser retirados”. Quanto à “ocupação” do torreão sul/nascente diz-se que “esta terá de ser mais fundamentada pois irá haver uma alteração profunda com destruição do património”.
Segundo se diz no já referido parecer da Divisão de Projectos de Edifícios, seguiram-se a junção de novos elementos ao projecto de arquitectura e um terceiro e último pronunciamento da Estrutura Consultiva Residente. Nele este grupo de trabalho afirma que nada mais pode acrescentar “sobre as novas aberturas nas paredes exteriores e intervenções nos torreões nascentes”, dado que estão em causa “questões que ultrapassam” a Estrutura Consultiva Residente.
Face às muitas dúvidas manifestadas, a proposta subscrita pelo vereador do Urbanismo determina que a aprovação do projecto de arquitectura para o Pavilhão Carlos Lopes seja condicionada a aspectos como o “redesenho das aberturas nas paredes exteriores”, a “transferência dos azulejos localizados na parede do corredor interior norte, localizado no piso 0, para as paredes da sala do antigo bar” e a “reprodução de todos os azulejos em falta e respectiva colocação”.
Concurso para o Jardim da Praça do Império avança
A polémica em torno do fim anunciado dos brasões das ex-colónias existentes no Jardim da Praça do Império estalou no verão de 2014, mas foi preciso esperar mais de um ano para que a Câmara de Lisboa concretizasse a proposta então anunciada de lançar um concurso de ideias para a renovação do espaço.
Foi em Agosto do ano passado que se soube que o vereador da Estrutura Verde não pretendia manter no jardim na freguesia de Belém as composições florais que reproduziam os brasões das ex-colónias e decoravam um friso em torno da Fonte Monumental, com os argumentos de que estavam ultrapassados e de que alguns deles praticamente não existiam, depois de anos sem serem intervencionados.
Face às muitas reacções negativas que a notícia gerou, o executivo camarário fez saber que iria, até ao fim de 2014, lançar o tal concurso de ideias. Esta quarta-feira, depois de vários adiamentos, o assunto regressa por fim à câmara, avançando-se o nome de Simonetta Luz Afonso para presidir ao júri e prevendo-se um prazo de 60 dias para a apresentação de propostas.