Primeira edição assinada de Cem Anos de Solidão roubada em Bogotá

García Márquez autografou o valioso exemplar exposto na Feira Internacional do Livro de Bogotá que desapareceu sábado. “O livro faz parte do património do país.”

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A feira termina esta segunda-feira em Bogotá EITAN ABRAMOVICH/AFP

O exemplar raro estava em exposição numa vitrine selada na feira – na qual, como relatou o PÚBLICO nos últimos dias, a figura, o trabalho, as referências a García Márquez, estavam “por todo o lado” na feira anual, realizada no espaço de exposições da Corferias na capital colombiana, Bogotá. O livro estava exposto no pavilhão Macondo, assim baptizado em honra da localidade que serve de pano de fundo de Cem Anos de Solidão.

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O exemplar raro estava em exposição numa vitrine selada na feira – na qual, como relatou o PÚBLICO nos últimos dias, a figura, o trabalho, as referências a García Márquez, estavam “por todo o lado” na feira anual, realizada no espaço de exposições da Corferias na capital colombiana, Bogotá. O livro estava exposto no pavilhão Macondo, assim baptizado em honra da localidade que serve de pano de fundo de Cem Anos de Solidão.

Gabriel García Márquez morreu em Abril de 2014 aos 87 anos e a obra roubada sábado à tarde, perto das 18h, segundo o diário colombiano El Heraldo, tinha um valor muito superior ao pecuniário para o seu proprietário – era “imensurável”. Isto porque já depois de ter comprado a primeira edição em 2006, o negociante de livros raros Álvaro Castillo Granada levou-o até Gabo, como também é conhecido o romancista, que o assinou com uma dedicatória: “Para Álvaro Castillo, o velho livreiro, como ontem e para sempre, o teu amigo Gabo”.

O colombiano Castillo Granada empalideceu e ficou em silêncio quando soube do desaparecimento do livro. Só na manhã de domingo disse aos seus colaboradores o que tinha acontecido. Diz ter comprado a obra com grande valor sentimental em 2006 numa livraria em Montevideu, no Uruguai. A capa, como escreve El Heraldo, era diferente das edições subsequentes, com um barco rodeado por folhagem.

Com o preço das primeiras edições a subir desde a morte do Prémio Nobel colombiano (atribuído em 1982 ao escritor), o negociante de livros não revela quanto pagou pelo exemplar. Mas lança o apelo através do Heraldo ao ladrão: “O livro faz parte do património do país”. E avisa que “é um livro impossível de comercializar”.

Quando o diário colombiano El Tiempo assinalava em 2013 os seus 25 anos de carreira como livreiro, Castillo Granada relata que uma das grandes alegrias da sua carreira foi ter tido nas mãos muitas raridades. “Já tive livros assinados por José Lezma Lima, García Márquez, Julio Cortázar, Paul Eluard, Louis Aragon, Borges”, elenca, destacando que “o livro mais valioso” que tinha na época na livraria era “’Canciones’, assinado pelo próprio Federico García Lorca”.

As autoridades estão a investigar o caso e, diz a BBC, a rever imagens do circuito interno de vídeo para tentar identificar o autor do roubo.