Passos convida empresários japoneses para as privatizações nos transportes

Primeiro-ministro diz que Portugal pode tornar-se "uma das nações mais competitivas do mundo".

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O primeiro-ministro e os ministros da Economia e dos Negócios Estrangeiros no pequeno-almoço com empresários japoneses REUTERS/Yuya Shino

“Creio que há excelentes razões para as empresas japonesas continuarem a investir em Portugal. O actual processo de privatizações em Portugal oferece uma série de oportunidades de investimento que as empresas japonesas poderão considerar, nomeadamente na área dos transportes”, afirmou Pedro Passos Coelho.

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“Creio que há excelentes razões para as empresas japonesas continuarem a investir em Portugal. O actual processo de privatizações em Portugal oferece uma série de oportunidades de investimento que as empresas japonesas poderão considerar, nomeadamente na área dos transportes”, afirmou Pedro Passos Coelho.

Falando em Tóquio perante dezenas de empresários, associados da Keidanren, uma associação empresarial nipónica, o chefe de Governo quis assegurar “que Portugal, como mostrou nos últimos anos, tem uma resiliência política e social muito grande e que esse é um factor distintivo" quando se compara "a economia portuguesa com outras economias, mesmo no espaço europeu”.

“A minha convicção é de que saberemos manter nos anos mais próximos essa grande resiliência, com uma grande previsibilidade política, económica e social”, afirmou Passos Coelho, na sede da entidade que engloba 1281 empresas japonesas, 129 associações industriais e 47 organizações económicas regionais.

O governante acentuou que “tudo isto, associado aos grandes esforços de reforma económica" que o país tem concretizado, "apontará para que Portugal possa ser realmente uma das nações mais competitivas do mundo, com grande dinamismo, grande abertura à inovação e com grande potencial de crescimento económico”, sublinhou.

Na sua intervenção num pequeno-almoço de trabalho com os empresários japoneses, Passos Coelho afirmou que “em 2014 foi já possível começar a ver os positivos resultados das reformas” levadas a cabo pelo Governo.

O chefe do Executivo sublinhou que essas reformas “exigiram do povo português elevados sacrifícios”, que, reiterou, “os portugueses suportaram sem pôr em causa a paz social”.

Quando falou das oportunidades de investimento, o primeiro-ministro português referiu-se também ao sector agroalimentar e ao das pescas, nos quais já existem “importantes investimentos japoneses”, que podem ser ampliados, nomeadamente na região do Alqueva, uma “área de produção frutícola muito boa e que tem hoje condições de irrigação incomparáveis”.

A chamada “economia azul” foi outro dos sectores apontados por Passos Coelho, referindo que “a desejada extensão dos limites da plataforma continental abrirá perspectivas de investimento, por exemplo, nos recursos de fundo marinho, nomeadamente na exploração de minério”.

A exploração de concessões portuárias, designadamente de terminais de contentores, foi outra das oportunidades de potencial interesse mencionadas.

A sustentar as suas afirmações, o primeiro-ministro apresentou uma série de dados económicos, como o decréscimo dos juros da dívida, a amortização antecipada ao Fundo Monetário Internacional ou o aumento das exportações, assinalando os níveis de desemprego como excessivamente altos.

No pequeno almoço estiveram presentes representantes de mais de 20 empresas, entre as quais a Mitsubishi, Toshiba, Murabeni, Sako, BNP Paribas Japan, Nomura, Toyota ou Sumitomo Life Insurance.

De seguida, o primeiro-ministro encontrou-se com responsáveis da congénere japonesa da agência portuguesa para o investimento AICEP, a JETRO, na sede da qual interveio na abertura do seminário sobre crescimento verde, com o tema “smart cities, smart solutions”.

Nessa intervenção, Passos Coelho considerou que “a área da mobilidade eléctrica é incontornável” para os dois países, sublinhando o “forte investimento do Governo japonês” no sector e os “importantes avanços realizados ao nível da inovação, da indústria de produção destes veículos e dos desenvolvimentos já atingidos, nomeadamente no segmento das baterias”.

Pires de Lima diz que “é natural” interesse do Japão
O ministro da Economia português considerou que é natural que empresas do Japão se interessem pelas privatizações em curso em Portugal, designadamente da CP Carga e da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF). “O Governo tem dois projectos de privatização em curso, a TAP e as concessões de transportes em Lisboa, acabou de aprovar no Conselho de Ministros de quinta-feira a privatização de mais duas empresas muito ligadas à engenharia e aos transportes, a EMEF e a CP Carga, e é natural que empresas de todo o mundo, e também do Japão, se possam interessar por estas privatizações”, afirmou António Pires de Lima, em declarações aos jornalistas.

Questionado especificamente sobre a TAP, Pires de Lima respondeu que “não houve nenhuma abordagem específica em relação a nenhuma empresa em concreto”.

“As privatizações, o desenvolvimento do nosso sector dos transportes, na área dos portos, na área da ferrovia, são seguramente possibilidades que apresentámos aos grandes grupos japoneses e que demonstraram algum interesse específico no desenvolvimento logístico, no desenvolvimento dos nossos portos, desenvolvimento da nossa área de transportes em Portugal”, afirmou o ministro, sublinhando que já existem “níveis de investimento [estrangeiro] relevantes em Portugal, na área das águas, da energia, energia solar, da agroindústria”, nomeadamente da exportação de produtos de tomate.

“Pude constatar que alguns destes grupos estão a iniciar a distribuição de produtos portugueses de nicho, que são percepcionados como de muita qualidade, como é o caso do azeite ou de vários vinhos portugueses que começam a chegar ao Japão”, declarou.

O ministro da Economia sublinhou que “esta diplomacia económica ajuda muito a que Portugal se situe no radar do investimento" japonês".

"Os grupos japoneses têm muito capital, que nós precisamos em Portugal”, vincou Pires de Lima, referindo que as empresas japonesas olham para Portugal também como parceiros para entrarem em “mercados emergentes, como o de Angola ou de Moçambique”.