O Pritzker de Shigeru Ban como sintoma da força da arquitectura "da mudança social”
Críticos e peritos elogiam a escolha do Pritzker de 2014, que personifica " a actual disposição da arquitectura"
A sua escolha pela Fundação Hyatt, que atribui o Pritzker, “é tanto inesperada quanto boa”, escreve o Financial Times, e o veterano da crítica de arquitectura do Chicago Tribune, o vencedor do Pulitzer de crítica Blair Kamin descreve os seus edifícios como “simples, mas elevadores do espírito”, abrigos e fontes de dignidade para vítimas da guerra civil, genocídio, sismos e tsunamis. “É o arquitecto com maior consciência social que alguma vez ganhou o Pritzker”, escreve Kamin, “e o primeiro a vencer baseado largamente em estruturas que são temporárias”.
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A sua escolha pela Fundação Hyatt, que atribui o Pritzker, “é tanto inesperada quanto boa”, escreve o Financial Times, e o veterano da crítica de arquitectura do Chicago Tribune, o vencedor do Pulitzer de crítica Blair Kamin descreve os seus edifícios como “simples, mas elevadores do espírito”, abrigos e fontes de dignidade para vítimas da guerra civil, genocídio, sismos e tsunamis. “É o arquitecto com maior consciência social que alguma vez ganhou o Pritzker”, escreve Kamin, “e o primeiro a vencer baseado largamente em estruturas que são temporárias”.
Para Julie V. Iovine, especialista de arquitectura do Wall Street Journal, “seria difícil imaginar outro arquitecto que personificasse com maior perfeição a actual disposição da arquitectura, que favorece a relevância social ampla em vez de formas icónicas, ao mesmo tempo que consegue distinguir-se em desenhos que são refinadamente belos”. Iovine destaca ainda que Shigeru Ban tem “basicamente a mesma abordagem” quando trabalha com os mais importantes museus do mundo ou quando faz “abrigos de emergência, usando materiais económicos com um sentido de perícia e de efeitos generosos de luz natural”.
O crítico do New York Times Michael Kimmerman, descreve o filho de um funcionário da Toyota e de uma designer de moda como “arquitecto da mudança social” e contextualiza – a sua distinção com o Pritzker, o mais importante prémio mundial atribuído a um arquitecto (e, em toda a sua história, a apenas duas arquitectas), representa um processo de lenta mudança na profissão. E que vem de dentro e da juventude – “os jovens arquitectos parecem mais e mais interessados no que estou a fazer”, diz Shigeru Ban, que nunca fala de sustentabilidade mas cujo trabalho, como resume o El País, se trata de fazer o máximo com o mínimo. “Toda a gente costumava querer ser um arquitecto-estrela. Já não é o caso”, disse Ban ao crítico do diário nova-iorquino na semana passada, antes de saber que iria ser o Pritzker 2014.
“Já chamaram ao prémio um concurso de beleza. Agora é um sinal de que o bom design e as boas obras podem ambos ser recompensados”, elogia Kimmerman, que não esquece aquilo que um olhar atento ao portfólio do arquitecto japonês evidencia: Shigeru Ban tanto faz as grandes obras que o poderiam conotar com o estrelato, os grandes museus e as sedes ou pavilhões para marcas multinacionais, quanto os projectos de emergência nas zonas mais necessitadas do globo. No fundo, é um pioneiro, responsável por prolongar e alargar “a definição da arquitectura temporária e a utilização de materiais reciclados, pré-feitos e amigos do ambiente antes de muitos outros estarem a pensar” nisso, diz o crítico do Times.
Do outro lado dos Estados Unidos, o crítico do Los Angeles Times Christopher Hawthorne acrescenta que o japonês “não só está a criar habitação” em áreas necessitadas, mas também “a criar igrejas ou centros comunitários onde as pessoas se podem juntar – e juntar-se num local que está bem desenhado, que lhes dá uma certa sensação de dignidade entre todo o caos que as rodeia”.