Ciclo Interrompido
O Ciclo Interrompido, de Felix van Groeningen, voltou a fazer-nos ouvir os transbordantes solos que um cineasta de Baltimore, Matthew Porterfield, coreografou nos seus filmes de estrutura coral Putty Hill (2010) e I Used to Be Darker (2013): numa filiação talvez altmaniana (o Altman da obra-prima Nashville), Porterfield abria ali espaço para que as personagens se destacassem do grupo e falassem de si, articulando as suas perdas - cantando - ao espectador. Sendo artistas essas personagens (como em Nashville), o momento da canção não era fractura aberta pelo artifício, mas fluxo normal, dir-se-ia realista, para o melodrama. Isso desestabilizava e emocionava, isso era o que Porterfield fazia de singular. E isso é o que o belga Felix van Groeningen não faz, não conseguindo que o drama das personagens, nunca descolando da aproximação básica do “caso da vida”, seja tocado pela música - mesmo se o drama das personagens, músicos numa banda de country, esteja pontuado pela música.
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O Ciclo Interrompido, de Felix van Groeningen, voltou a fazer-nos ouvir os transbordantes solos que um cineasta de Baltimore, Matthew Porterfield, coreografou nos seus filmes de estrutura coral Putty Hill (2010) e I Used to Be Darker (2013): numa filiação talvez altmaniana (o Altman da obra-prima Nashville), Porterfield abria ali espaço para que as personagens se destacassem do grupo e falassem de si, articulando as suas perdas - cantando - ao espectador. Sendo artistas essas personagens (como em Nashville), o momento da canção não era fractura aberta pelo artifício, mas fluxo normal, dir-se-ia realista, para o melodrama. Isso desestabilizava e emocionava, isso era o que Porterfield fazia de singular. E isso é o que o belga Felix van Groeningen não faz, não conseguindo que o drama das personagens, nunca descolando da aproximação básica do “caso da vida”, seja tocado pela música - mesmo se o drama das personagens, músicos numa banda de country, esteja pontuado pela música.